Título: Investidor define aposta para o juro
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

Dados da produção industrial em outubro e indicadores de inflação, incluído o IPCA de novembro, vão influenciar expectativas

As especulações sobre o tamanho da redução da taxa básica de juros deverão permanecer no centro das discussões e dar o tom aos negócios do mercado financeiro nesta semana que antecede a da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, dia 14. O mercado está dividido nas expectativas, pendendo ora com mais força para um corte de 0,50 ponto porcentual, ora para uma redução de 0,75 ponto porcentual. "O mercado vai carregar uma dúvida muito grande até a próxima reunião do Copom", comenta Sílvio Campos Neto, economista do Banco Schahin.

O freio na economia apontado pela queda de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre animou apostas em uma redução mais acelerada do juro básico. Mas a ata do Copom, considerada conservadora, e os dados sobre a venda de automóveis em novembro, divulgados pela Fenabrave, contiveram a animação dos que previam maior ousadia do BC. A expansão de 15,4% nas vendas de veículos, bastante acima das previsões, estaria sugerindo que a queda da atividade no terceiro trimestre teria sido circunstancial.

Seja como for, são fatores que vão aguçar ainda mais o interesse pelos dados de produção industrial , que serão divulgados na quinta-feira, e de inflação, ao longo da semana. O principal indicador de inflação, o IPCA de novembro, previsto em 0,54% por Campos Neto, será conhecido na sexta-feira. "São dados que vão definir as apostas para a decisão do Copom na semana seguinte", afirma. "O mais importante é o comportamento do núcleo do IPCA."

Os dados da Fenabrave anunciados na sexta-feira servem de antecedente aos números que a Anfavea divulga amanhã sobre a produção e venda de veículos em novembro e, por sua vez, têm importante peso na produção industrial de outubro que o IBGE solta na quarta. "A produção industrial vai apontar queda entre 0,4% e 0,5%, inferior à de setembro, o que indicaria uma recuperação da atividade econômica para novembro e dezembro."

Até meados da semana o mercado financeiro deverá ficar com o olhar mais voltado ao cenário internacional, que, segundo o economista do Schahin, aponta para um início de semana positivo, com perspectiva favorável sobretudo para a bolsa. O mercado de juros, contudo, tende a permanecer em compasso de espera, com oscilações de acordo com as expectativas sugeridas pelos dados econômicos que forem saindo ao longo da semana. No câmbio, a retomada de leilões de venda de contratos de swap cambial reverso na segunda-feira indica que o dólar pode iniciar a semana em alta, depois da queda de sexta-feira, quando o BC realizou apenas leilão de compra no mercado à vista.

Antes do IPCA, na sexta, o mercado tomará conhecimento hoje da inflação pelo IPC da Fipe e, na quarta, pelo IGP-DI, ambos de novembro.