Título: Coteminas diz que só PT sabe origem de R$ 1 mi
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2005, Nacional, p. A7

Dinheiro foi usado para pagamento de parte da dívida com a companhia têxtil

BELO HORIZONTE - O presidente da Coteminas, Josué Christiano Gomes da Silva, afirmou ontem que só o PT pode responder sobre a origem do R$ 1 milhão depositado em dinheiro na conta da empresa em maio. Josué, filho do vice-presidente José Alencar, disse que o valor se refere ao pagamento de parte da dívida do Diretório Nacional petista com a Coteminas por fornecer 2,75 milhões de camisetas para a campanha eleitoral do ano passado. A CPI dos Correios suspeita que o partido tenha usado dinheiro de caixa 2 para fazer o pagamento. Ao Estado, Josué confirmou que negocia "insistentemente" com a nova direção do PT, mas disse ter convicção de que a dívida - "mais de R$ 12 milhões", em valores atualizados - será paga. Ele, porém, deixou claro que o partido só terá crédito com sua empresa nas eleições se quitar o débito. Caso contrário, terá de pagar à vista por serviços.

Segundo Josué, a Coteminas emitiu um "recibo parcial" ao PT pelo depósito de R$ 1 milhão. Ele reiterou não ter motivos para duvidar da origem dos recursos. "Essa é uma pergunta boa para ser feita ao PT. Nossa empresa faturou mercadorias com notas fiscais, tem o valor em aberto, recebeu recursos, depositou na conta corrente da companhia o valor recebido e levou a crédito do fornecedor, que é nossa obrigação."

NEGOCIAÇÃO

O então presidente provisório do PT, Tarso Genro, fez uma proposta de pagamento do débito em 48 parcelas mensais sucessivas, mas a direção da Coteminas não aceitou. Josué salientou que a dívida com o partido foi faturada por meio de 50 notas fiscais de serviço e o débito deveria ser quitado no prazo de 90 dias, até janeiro de 2005.

Alegando dificuldades financeiras, a antiga direção petista, incluindo o ex-tesoureiro Delúbio Soares, procurou a Coteminas para pedir prorrogação dos vencimentos. A empresa aceitou e a dívida deveria ser paga em 3 parcelas até maio. "Infelizmente, venceram 2 parcelas e não puderam pagar. Vieram a pagar R$ 1 milhão em maio. E ainda existe um débito em aberto, que temos conversado insistentemente com o PT para a quitação", contou Josué. Apesar disso, ele não fala em outras medidas para receber o valor.

Para o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), a Coteminas não tem responsabilidade na operação, pois apenas tem um débito a receber que é público, documentado. Maia acha que a responsabilidade é da direção do PT que não teria registrado o repasse. "Como de hábito, o PT fez mais uma operação financeira que não tem registros oficiais", criticou.