Título: Juro deve cair 0,50 ponto na quarta
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

Expectativa de analistas é que o Banco Central mantenha o ritmo gradual de redução na reunião do Copom

O mercado financeiro começa a semana com a maioria dos analistas alinhados na aposta de que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai manter o conservadorismo e cortar 0,50 ponto porcentual da taxa básica de juros, de 18,50% ao ano. O prognóstico é de 37 economistas dos 47 consultados pela Agência Estado. Os demais prevêem redução de 0,75 ponto porcentual. A decisão será tomada pelo Copom no término do último encontro do ano que começa amanhã e acaba na quarta-feira. Um dia antes, amanhã, o Comitê de Mercado Aberto (FOMC) do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) se reúne para, de acordo com a estimativa geral dos analistas, definir novo aumento de 0,25 ponto porcentual, o que elevaria o juro de curto prazo americano para 4,25% ao ano.

A expectativa do mercado, contudo, está voltada para o Copom. "O cenário está apontando para um corte de 0,50 ponto porcentual", comenta Alexandre Lintz, estrategista-chefe do Banco BNP Paribas do Brasil. Ele lembra que a ata da última reunião em novembro confirmou o gradualismo do BC e a inflação pelo IPCA, que fechou novembro em 0,55%, veio com o núcleo elevado. "Em termos anualizados, o núcleo do IPCA chega a 6%, o que é incompatível com a convergência da inflação para a meta no longo prazo." A meta definida para o IPCA no próximo ano é de 4,50%.

Lintz comenta também que a atividade econômica dá sinais de recuperação em novembro, uma indicação de que a política monetária não está pondo freio na economia. Outro fator que poderia reforçar a idéia de redução de 0,50 ponto, segundo ele, são os dados das vendas de varejo em outubro que o IBGE anuncia na quarta.A estimativa é de uma expansão de 0,7% em relação a setembro e de 5,6% comparada com novembro de 2004. "É uma boa taxa de crescimento que pode contribuir para a queda de meio ponto na Selic."

Os indicadores de inflação com divulgação prevista na semana não tendem a influenciar o Copom, avalia Lintz. Hoje será conhecida a primeira prévia de inflação de dezembro pelo IPC da Fipe e também a do IGP-M. Na quinta-feira será divulgado o IGP-10 de novembro.

Se os indicadores domésticos de inflação da semana não devem influenciar a decisão do Copom, os dados do índice de preços ao consumidor americano (CPI) de novembro, que sai na quinta-feira, atrai forte expectativa dos investidores. O estrategista do Paribas prevê uma deflação de 0,3%, mas um núcleo positivo de 0,2%. "São números relativamente bons, porque o núcleo fica neutro."