Título: Skaf critica visão estreita da equipe econômica
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2005, Economia & Negócios, p. B3

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, criticou ontem duramente a política econômica do governo Lula, durante evento realizado na capital paulista. Segundo ele, o Ministério da Fazenda e o Banco Central têm uma visão muito estreita para combater o monstro da inflação. "Temos de ter uma visão de 360 graus e não ficarmos nas mãos de pessoas que enxergam apenas 20 graus." Na avaliação dele, a equipe econômica tem uma visão de que quando existe demanda ela precisa ser abortada. Mas, completa Skaf, sem demanda não existe investimento nem crescimento econômico. "Trata-se de um grupo superpoderoso que também é superteimoso", afirmou ele.

O presidente da Fiesp argumentou ainda que é muito difícil conseguir conter a valorização do real em relação ao dólar com a taxa de juros no atual patamar, de 18,5% ao ano. Além disso, o juro real (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses), na casa de 13,1% ao ano, torna-se extremamente atraente ao investidor estrangeiro. "Isso atrai capital especulativo. O fato de o Banco Central intervir é bom, mas não resolve o problema."

Skaf afirmou ainda que não é possível admitir que falem de falta de competitividade da indústria brasileira enquanto o dólar estiver desvalorizado, os juros altos e a carga tributária nas alturas. Ele se referiu aos problemas do setor calçadista no Sul do País, que fechou fábricas e reduziu o quadro de funcionários.

Em relação ao desempenho da produção industrial, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que subiu 0,1%, Skaf afirmou que será preciso resultado muito positivo nos dois últimos meses para que o PIB feche o ano em 2,3%. "Há 20 anos o País vem administrando crescimento econômico bem abaixo dos demais países emergentes", lamentou.