Título: Explosão de depósito fere 43
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2005, Internacional, p. A9

Fumaça dos tanques de combustível chega a Londres. Polícia diz que foi um acidente

Uma série de explosões em um dos maiores depósitos de combustível da Grã-Bretanha estremeceu uma zona ao norte de Londres na madrugada de ontem, destruindo as janelas das casas próximas e causando danos gerais. Quarenta e três pessoas ficaram feridas, duas gravemente, informaram as autoridades. A polícia disse que, aparentemente, as explosões foram acidentais e deveriam continuar por várias horas no terminal Buncefield, que armazena 16 milhões de litros de combustível perto do povoado de Hemel Hempstead.

Grandes rolos de fumaça negra podiam ser vistos a quilômetros de distância dando a impressão para quem estava no centro de Londres e não sabia da explosão que uma forte tempestade se formava. "O incêndio está sob controle, mas as chamas continuarão por algum tempo, talvez por dias", disse Frank Whiteley, chefe da polícia de Hertfordshire.

As fortes explosões, sentidas em uma vasta área do sudoeste da Inglaterra, causaram apreensão. De acordo com a polícia, não havia nenhum indício de ação terrorista no local, apesar de a rede Al-Qaeda ter ameaçado atacar depósitos de combustível.

A Grã-Bretanha está em estado de alerta desde os atentados de 7 de julho contra os sistema de transporte público, que deixaram 56 mortos, incluindo os suicidas, além dos fracassados ataques de 21 de julho. Ainda não foram determinadas as causas das explosões. A primeira ocorreu às 6 horas, informou a Total S.A.. A subsidiária britânica Total UK indicou em um comunicado que está em contato permanente com a polícia e as forças de segurança. Equipes de emergência isolaram a área próxima ao terminal Buncefield e desalojaram os cerca de 300 moradores de Hemel Hempstead. Whiteley advertiu que a nuvem de fumaça tinha elementos que poderiam causar tosse e náuseas.

A densa coluna de fumaça se elevava até 3 mil metros de altura sobre o povoado em uma extensão tão vasta que podia ser vista nas imagens de satélite sobre a área. Segundo Eddy Carrol, do Serviço Nacional de Meteorologia, a fumaça também se expandiu a uma grande altura sobre Londres.

Alguns moradores disseram ter escutado um avião que voava muito baixo, pouco antes da primeira explosão, mas a polícia disse que não havia evidência de que algum avião caiu na área. "Nós estávamos dormindo quando houve uma forte explosão - um estrondo que me acordou", disse Neil Spencer, de 42 anos, que vive a cerca de 1 quilômetro do terminal Buncefield. "Houve uma bola de fogo atrás de outra, algo realmente espantoso."

O fotógrafo Haris Luther, de 57 anos, teve a porta da frente de sua casa destruída pela explosão. "Achei que a casa tinha sido atingida por um raio. Parecia um terremoto", disse.

A polícia fechou a rodovia M1 em ambas as direções, causando o caos no transporte, e advertiu contra o temor de escassez de combustível, que começara a gerar longas filas nos postos de gasolina. "Não há nada que sugira que haverá escassez de combustível como resultado disso", disse Whiteley. O depósito de Buncefield fornece combustível - gasolina, diesel e querosene - a uma grande parte do sudeste da Inglaterra. A maioria dos 43 feridos sofreu cortes e arranhões pelos estilhaços de vidro. Pelo menos dois homens foram hospitalizados, entre eles um funcionário do terminal, em condições graves, informou o médico Howard Bortkett-Jones.

O mais mortífero acidente na Grã-Bretanha relacionado com combustível foi a explosão em 6 de julho de 1988 de uma plataforma de petróleo localizada próxima a costa da Escócia, que matou, ao todo, 167 trabalhadores