Título: Empregados pedem mais prazo para a Varig
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2005, Economia & Negócios, p. B19

O Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), que agrupa cinco associações de funcionários da companhia aérea, solicitou na Justiça o adiamento por 20 dias do prazo para a entrega de novas propostas para a compra das subsidiárias VarigLog e Varig Engenharia e Manutenção (VEM), que vence amanhã. O coordenador do TGV, Márcio Marsillac, disse que um agravo seria entregue ontem na 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio. "Há possibilidade de mais tempo, sem prejuízo ao processo de reestruturação, para viabilizar propostas melhores", afirma Marsillac. Segundo ele, o valor de US$ 62 milhões pago pela estatal portuguesa de aviação TAP pela VarigLog e VEM, há quase um mês, é pelo menos 25% inferior à avaliação feita, em outubro, pela consultoria Ernst & Young.

A Associação de Pilotos da Varig (Apvar), por sua vez, defende o afastamento da Fundação Ruben Berta (FRB), controladora da Varig, do comando da empresa como parte da busca de uma solução para a sua reestruturação, que terá de ser concluída até 8 de janeiro. "Em meados de 2001, começamos a verificar que o modelo de governança corporativa da FRB ia levar a Varig à falência", diz o presidente da Apvar, Rodrigo Marocco.

A Apvar contesta números publicados pelo Estado, no dia 4, que dão conta de que a maior instância de decisão da Varig e que representa a FRB, o Colégio Deliberante, seria composto em sua maioria por pilotos. Segundo a associação, dos 142 funcionários que integram o colégio, apenas 8,5% são pilotos, ou 17 pessoas.

A produtividade dos pilotos da Varig, que segundo dados do Departamento de Aviação Civil (DAC), de 2004, é inferior à da concorrência, também foi questionada. Para a Apvar, devem ser levados em conta apenas 1.465 pilotos na Varig (e não 1.923, incluindo os profissionais da Rio Sul e Nordeste, conforme foi publicado) e 85 aviões, o que dá uma relação de 17,2 pilotos por aeronave, e não 25, como foi veiculado.

A Apvar também sustenta que a média mundial da relação pilotos por aeronave se situa entre 12 e 20, ante 6 a 10. Segundo a associação, como a Varig tem muito mais vôos para o exterior, a comparação com a Gol e a TAM não seria válida. "Se a malha de vôos misturar ligações de média e longa distâncias, as tripulações têm de ser aumentadas para permitir os descansos regulamentares. Por essa obrigação legal, a Varig chega a operar grande parte de seus vôos com o dobro da tripulação simples requerida", informa a Apvar.

A remuneração dos pilotos da Varig responde por 5,5% dos custos totais da Varig, segundo a Apvar. Demais gastos, como combustível, taxas aeroportuárias, arrendamento de aviões e despesas com manutenção correspondem a 77% dos custos totais da empresa, de acordo com a associação.