Título: Unicef aponta riscos a jovens na Tríplice Fronteira
Autor: Camilla Rigi
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2005, Metrópole, p. C3

Jovens que vivem na Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai estão mais expostos a ser vítimas de situações como narcotráfico, contrabando, tráfico de meninas, pobreza e doenças como aids, segundo estudo divulgado ontem pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). "O crime organizado existente na região é uma grave ameaça a crianças e adolescentes, suas vítimas preferenciais", diz a pesquisa Situação de Crianças e Adolescentes na Tríplice Fronteira. Os cerca de 880 mil menores de 18 anos que vivem na fronteira correm mais riscos de envolvimento com exploração sexual, tráfico de seres humanos e consumo de drogas do que seus conterrâneos.

A região tornou-se um importante corredor para contrabandistas, distribuidores de produtos pirateados e traficantes de drogas e armas. Na Tríplice Fronteira também há uma forte concentração de árabes, apontada como refúgio de terroristas, o que os três governos nacionais negam.

"A região é rota do tráfico internacional de seres humanos, o que significa que os jovens estão vulneráveis à exploração sexual nos três países e na Europa", diz o estudo do Unicef. "É preciso reprimir os delinqüentes e criar programas de reintegração social para as vítimas."

O estudo, patrocinado pela Usina Hidrelétrica de Itaipu, retrata a situação de 62 municípios próximos da fronteira: 32 brasileiros, 15 argentinos e 15 paraguaios. De 1,9 milhão de pessoas que vivem na região, 45% têm menos de 19 anos.

Segundo o Unicef, os indicadores de pobreza da região são inferiores aos de outras partes da Argentina e do Paraguai, o que não ocorre na comparação com o resto do Brasil. Mas a situação não é menos grave deste lado da fronteira: nos últimos seis anos, foram feitas 20.504 denúncias de violência contra crianças e jovens nas cidades brasileiras pesquisadas.