Título: Avicultor quer medida sanitária
Autor: Ana Conceição, Sandra Hahn
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/12/2005, Economia & Negócios, p. B20

Projeto de regionalização sanitária poderia ajudar a prevenir problemas como a gripe aviária

Em tempos de gripe aviária, os criadores e a indústria processadora de aves dos principais Estados produtores do Brasil têm pressa na aplicação do programa de regionalização sanitária, que deve ser divulgado na quinta-feira pelo Ministério da Agricultura. Ainda há entraves jurídicos não resolvidos, mas representantes de criadores, indústria e até o governo acreditam que o plano deve ser lançado já, para depois haver ajustes. O principal ponto do programa de regionalização, proposto pela União Brasileira de Avicultura (UBA), é que cada Estado se torne uma unidade sanitária autônoma. Assim, se ocorrer alguma doença em determinada unidade da Federação, apenas as exportações deste Estado seriam suspensas, e não as de todo o País, como ocorre hoje. Para tanto, o trânsito interestadual de aves vivas seria proibido e o controle ficaria centralizado dentro dos Estados.

A UBA sugeriu ao ministério que o projeto de regionalização seja iniciado dia 1º de janeiro, envolvendo os seis principais Estados produtores e exportadores: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Num segundo estágio, a partir de 1º de janeiro de 2007, as outras unidades consideradas livres da Doença de Newcastle - Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso - seriam incluídas na regionalização. A partir de janeiro de 2008, os demais Estados entrariam no sistema.

Representantes de criadores acham que a regionalização tem de ser implantada o quanto antes. "O problema não é só a gripe aviária, cuja chance de aparecer no Brasil é muito pequena. Há outras enfermidades importantes, como a Doença de Newcastle. Ajustes serão feitos no decorrer do programa, o que interessa agora é começar", afirma Tarcísio Franco do Amaral, presidente da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig).

"A regionalização tem de entrar em vigor o mais rápido possível, já que mais de 80% da produção do País está concentrada em apenas alguns Estados", reforça Dilvo Grolli, diretor-presidente da Coopavel, cooperativa de Cascavel (PR). "Não podemos correr o risco de um país embargar as compras de todo o território nacional, no caso de aparecer alguma doença. Além disso, o comprador terá garantias da origem da carne, o que beneficia a imagem do produto brasileiro no exterior."

No Rio Grande do Sul, a restrição à circulação de frangos de corte atingiria em especial cerca de 240 produtores integrados que atuam no norte.

O próprio ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, acredita que os ajustes podem ficar para o futuro. "Acho melhor fazer e depois aperfeiçoar, do que não fazer", afirma.