Título: Lula vai cuidar pessoalmente da Agenda Portos
Autor: Adriana Fernandes, Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/12/2005, Economia & Negócios, p. B10

Presidente está descontente com o atraso na aplicação da estratégia de investimentos do governo no seto

Preocupado com o risco de um "apagão" nos portos brasileiros que pode pôr em risco a expansão do comércio exterior do País nos próximos anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ontem tomar para si a responsabilidade de acompanhar de perto o andamento dos investimentos do governo que visam eliminar os gargalos do sistema portuário. Diagnóstico da área técnica do governo revelou que, depois de 12 meses do lançamento da estratégia de investimentos para o setor, a chamada Agenda Portos, apenas 10% das ações previstas para o período tinham sido efetivamente realizadas.

O presidente reuniu ontem, na Granja Torto, quatro ministros - Alfredo Nascimento (Transportes), Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Roberto Rodrigues (Agricultura) - e determinou prioridade total para resolver o problema. Na reunião, foi feito um mapeamento da situação atual e identificados problemas administrativos sérios, alguns "impublicáveis", segundo uma fonte do governo.

'OBSESSÃO'

O problema dos portos virou uma "obsessão" para o presidente que quer ver resultados rápidos. "O presidente está determinado a tomar todas as medidas necessárias, inclusive as mais radicais", disse uma fonte do governo.

Segundo a fonte, há problemas generalizados: má gestão, politicagem, partidarismo, dificuldade de obtenção de licenças ambientais, entre outros.

Chegou a ser cogitada no Palácio do Planalto a transferência do gerenciamento da Agenda Portos, hoje sob responsabilidade do Ministério dos Transportes, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior já que as principais queixas do atraso dos investimentos partiram dos exportadores.

Mas na reunião ficou acertado que o comando continuará nas mãos do ministro dos Transportes.

Um dos maiores problemas na gestão dos projetos de investimento - a Agenda Portos prevê obras em 11 portos - é o loteamento político das empresas que administram os portos, as companhias docas.

"Se precisar mudar a direção das empresas, o presidente vai mudar. Os partidos podem colocar alguém que resolva. Se o PT ou outro partido tem alguém indicado lá e não está resolvendo, faremos a mudança. O que não pode é travar a administração de um investimento que é do País", disse outra fonte.

Os participantes da reunião saíram otimistas e com a expectativa de que as ações ganharão agilidade.

"As coisas não andam não é por falta de verbas. É por outros problemas que o presidente quer levantar. É uma questão operacional", afirmou Luiz Fernando Furlan, que é um dos mais inconfomados no governo com o atraso nos projetos.

"Há uma determinação do presidente Lula de dar foco às iniciativas que não caminharam na velocidade que deveriam. Ele vai tomar pessoalmente a responsabilidade de eliminar os gargalos portuários", afirmou o ministro.