Título: Em MS, sacrifícios vão chegar a 25 mil
Autor: José Antonio Pedriali
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/12/2005, Economia & Negócios, p. B5

Ainda há 28 focos da doença; mais de 1% do rebanho do Estado será morto

Mais de 1% do rebanho bovino de Mato Grosso do Sul deve ser sacrificado sob suspeita de febre aftosa. Até ontem pela manhã, o rifle sanitário foi disparado contra 19.269 cabeças de gado, além de 313 ovinos e 243 suínos, totalizando 20.068 abates, desde outubro, quando foi constatado o primeiro foco da doença no extremo sul do Estado. Os trabalhos estão concentrados nos municípios de Japorã, Eldorado e Mundo, onde ainda existem 28 focos. Saíram da área de risco Iguatemi e Itaquiraí, o que não representa ainda o total controle da situação, observou o diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária, Vegetal e Animal, João Crisóstomo Muad Cavalléro. "Temos de acelerar ao máximo os sacrifícios e todas as medidas para erradicar o problema." Ainda há de 4.500 a pouco mais de 5 mil bovinos a serem sacrificados.

Ele explicou que além do rifle sanitário, são empregadas ações como raspagem de terra e esterco na área onde os porcos são criados. Todo esses material foi recolhido e enterrado em vala feita exclusivamente para esse fim. Na seqüência, o uso de vassoura e fogo reforçaram a limpeza, e em seguida tudo é lavado com a solução desinfetante e detergente. Essa mesma solução é aplicada em todo material usado nas propriedades, como pás, enxadas, máquinas agrícolas, carrinho de mão, cordas e arreios.

Para o secretário de Produção, Dagoberto Nogueira Filho, são medidas inevitáveis e tomadas com todo cuidado, pois está em jogo um rebanho de 25 milhões de bois e vacas, uma das maiores riquezas do Estado, responsável pela exportação de 50% da carne bovina do País. Ele acrescentou que a tarefa de lavagem e desinfecção também se estenderam aos cochos de sal, bebedouros e comedouros, que foram flambados e posteriormente lavados com a solução.

PERDAS

Dagoberto reafirmou que os focos de aftosa que surgiram no sul do Estado estão sob controle. Lamentou apenas os transtornos causados com a situação, principalmente prejuízos nas exportações. Ressaltou que a pior fase está passando, com a reabertura de mercados compradores como o de São Paulo, para animais produzidos fora das áreas de risco.

Um dos setores que mais sentiram o impacto foi o de suplementação e nutrição animal, amargando queda de até 50% nas vendas. Entretanto os próprios comerciantes analisam que mesmo antes da crise gerada com a aftosa, esse segmentos passava por período difícil. Conseqüência do baixo preço pago pela arroba do boi, afirmam. Os pecuaristas estão cortando despesas ao máximo, procurando por exemplo, usar o sal branco, mais barato, porém com menor poder de qualidade de engorda do gado, que fica mais tempo no pasto para ganhar peso.