Título: na Otan, Condoleezza convence
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/12/2005, Internacional, p. A16

Explicações da secretária de Estado são bem recebidas pelos chanceleres da Otan

Os ministros de Relações Exteriores dos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) manifestaram-se ontem satisfeitos com as explicações da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, sobre os vôos secretos de aviões da CIA e garantias de respeito aos direitos humanos no interrogatório de presos. No entanto, Condoleezza reconheceu como possível a ocorrência de abusos, como os verificados na prisão de Abu Ghraib, no Iraque. Mas garantiu: "Caso surjam episódios desse tipo, eles serão investigados e os culpados, castigados." A reunião com os chanceleres foi a portas-fechadas. Mas, segundo o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, Condoleezza pôs uma pá de cal nas difíceis questões.

No entanto, para funcionários que participaram do encontro e do banquete oferecido na noite de quarta-feira à secretária de Estado, Condoleezza não acrescentou praticamente nada ao que ela já vinha dizendo publicamente.

"O fato é que todos ali queriam encontrar um tom conciliador para a polêmica desatada nas últimas semanas", disse um funcionário que pediu anonimato. O mal-estar foi provocado em grande parte pela mídia americana, que denunciou escalas de aviões da CIA na Europa, com presos iraquianos, paquistaneses e afegãos que seriam levados para interrogatório em países suspeitos de prática de tortura. Isso teria sido feito sem o conhecimento dos governos locais. Para agravar o quadro, a agência americana manteria prisões secretas na Polônia e Romênia. "Não usamos aeroportos nem espaço aéreo de outros países para a transferência de presos a lugares onde pudessem ser torturados", reafirmou Condoleezza em entrevista. Contudo, ela evitou falar sobre a existência das prisões secretas.