Título: Conselheira dos EUA alerta para risco na tríplice fronteira
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/12/2005, Nacional, p. A10

Deborah McCarty diz que seu governo está atento à região

A tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina continua sendo uma preocupação para o governo dos EUA, mas a conselheira para contraterrorismo Deborah McCarty, do Departamento de Estado, garantiu ontem não haver qualquer informações sobre células terroristas na região. McCarty participou de reunião com representantes dos três países e afirmou que "todos estão vulneráveis a atos terroristas". A conselheira revelou que os EUA estão preocupados com a instabilidade das instituições democráticas na Venezuela e com o fato de o governo Hugo Chávez não estar cumprindo integralmente a resolução da ONU que obriga os países a impedirem o trânsito de narcotraficantes por seu território.

O Brasil revelou, na reunião, que dispõe de mecanismos eficazes para controlar a remessa ilegal de recursos para o exterior e garantiu que não tem detectado esse tipo de ilegalidade a partir da tríplice fronteira.

FINANCIAMENTO DO TERROR

McCarty afirmou que o governo americano tem dedicado grande atenção a movimentações que possam significar financiamento do terrorismo. Segundo ela, as unidades de inteligência financeira dos países ainda se reunirão para avaliar todas as informações sobre a tríplice fronteira.

O governo brasileiro tem reiterado que a região não representa uma ameaça e que as maiores preocupações são em relação ao narcotráfico, pirataria, tráfico de armas e contrabando, mas não em relação ao terrorismo. "O Brasil reconhece que há ilícitos internacionais que têm sido combatidos, mas assegura que não há grupo, esconderijo, célula terrorista ou financiamento de terror na região", atestou o diplomata Marcus Pinta Gama. Ele afirmou que o Brasil está á atento a tudo o que se passa na região: "Temos segurança em relação ao sistema bancário."

Um documento assinado ao final do encontro pelos quatro países ressalta que não há indícios de ações terroristas na região. Se forem detectados sinais de movimentos terroristas, inclusive no seu financiamento, os quatro países combinaram intercambiar prontamente informações, de forma a agir rapidamente na repressão.

No documento, as delegações dos quatro países reafirmaram o compromisso de prevenir a prática de atos terroristas, de emitir um alerta antecipado a outros países em caso de suspeitas, de negar refúgio a quem financie, planeje ou cometa atos de terrorismo, preste apoio a esses atos ou proporcione refúgio a seus agentes e, por fim, concordaram em oferecer cooperação plena para os casos de eventuais investigações criminais ou processos penais conduzidos contra terroristas.