Título: CGU lança pacote anticorrupção
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/12/2005, Nacional, p. A8

Entre as medidas está a transparência e restrição no uso de cartão corporativo

Por causa do Dia Mundial do Combate à Corrupção, celebrado hoje, a Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou ontem conjunto de medidas para reduzir ralos do dinheiro público. A primeira é um sistema de marcação forte sobre uso de cartões corporativos no Executivo. A partir de agora, gastos com cartões passam a ser publicados mensalmente no Portal da Transparência da CGU. Serão coibidos saques em dinheiro, que representam 60% dos gastos com cartão e dificultam a fiscalização. O governo federal também vai baixar decreto criando uma corregedoria em cada ministério, a partir de 2006, dentro da nova estrutura da CGU. O órgão terá ainda uma Secretaria de Prevenção à Corrupção, para coordenar as ações de inteligência e medidas estratégicas em parceria com o Ministério Público, a Receita Federal, o Tribunal de Contas da União (TCU) e outros órgão de fiscalização do setor público. "O trabalho articulado agiliza ações, evita duplicidade de esforços e potencializa resultados em benefício da sociedade", disse o ministro do Controle e da Transparência, Waldir Pires.

Para o presidente do TCU, Adilson Motta, presente à solenidade, a corrupção é universal e atingiu nível generalizado na sociedade brasileira, onde nem o futebol escapa. "Até meu time, o Internacional (de Porto Alegre), ficou em 2.º lugar no campeonato brasileiro por um ato de corrupção que beneficiou o Corinthians", disse. Para Motta, acabar com a corrupção é utopia, mas se pode reduzi-la a níveis com os quais se possa conviver. Ele citou que, como o futebol, nem a ONU, a Igreja Católica e o tribunal que dirige estão livres de corrupção.

O anúncio das medidas foi antecipado por causa do encontro de Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro (Encla), que reúne de hoje a domingo em Vitória as principais autoridades brasileiras empenhadas no combate à corrupção e ao crime organizado, a fim de traçarem metas para 2006.

Entre as propostas a serem analisadas no encontro uma prevê a definição das PEPs (Politically Exposed Persons, Pessoas Politicamente Expostas).

Existente em vários países desenvolvidos, esse mecanismo monitora atividades de segmentos propícios à corrupção, como o mercado paralelo de dólar e instituições financeiras.