Título: Nota não é afronta, diz Berzoini
Autor: Vera Rosa e Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2005, Nacional, p. A5

O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, negou ontem que a resolução aprovada pelo partido com críticas à política econômica do governo seja uma afronta ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ou represente um descolamento entre o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No texto aprovado no final de semana pelo Diretório Nacional petista - instância máxima da legenda -, há discordância em relação aos altos juros praticados como mecanismo de combater à inflação. "É possível crescer distribuindo renda e riqueza, com inflação e juros compatíveis com uma sociedade livre da ditadura dos interesses financeiros. Recusamos em absoluto a proposta de déficit zero", diz um trecho da resolução aprovada pelo comando do partido. Segundo Berzoini, o documento mostra a autonomia do partido em relação ao governo. "O documento expressa a opinião da maioria do partido", afirmou. "Antes, o PT ficava vinculado ao governo. O PT não é governo. É o partido mais importante da base (de apoio ao governo)", comentou o presidente da sigla. "Não creio que seja afronta ao Palocci", ressaltou Berzoini.

O presidente do PT afirmou ainda que as críticas à política econômica não fazem parte do fogo amigo, recorrente no partido. "Não há clima de acirramento. Trata-se de uma avaliação política", insistiu Berzoini, que ontem pela manhã conversou com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, e negou haver mal-estar. Anteontem, o senador criticou o texto aprovado pelo PT e reclamou da postura de "enfrentamento" da sigla. "Não há clima de acirramento", garantiu Berzoini.

Ele afirmou que o texto não critica a política econômica de Palocci. "Não há crítica à política econômica, mas sim em relação ao tamanho do superávit e à intensidade da política monetária", destacou o presidente do PT.

Berzoini observou também que na reunião do final de semana o Diretório Nacional também reconhece a importância das ações do governo na área econômica, sendo até elogioso. "Todo mundo sabe que a política adotada ajudou a reverter a tragédia que estava em curso", comentou, sem citar nominalmente o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.