Título: CUT gosta, mas continua querendo R$ 400
Autor: Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2005, Nacional, p. A6

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, afirmou ontem que a central não abandonará a meta de R$ 400 para o mínimo, apesar de reconhecer que os R$ 350 prometidos pelo governo garantem um aumento real (acima da inflação) de 11%. "Ainda não fomos comunicados sobre os números em estudo. Nosso entendimento é que pode haver espaço para o mínimo aumentar pouco mais", disse Felício. "O fato de querermos mais não nos impede, porém, de reconhecer que os 11% de ganho real deste ano, quando somados aos 7% de aumento real do ano passado, resultam num avanço considerável obtido dentro do governo Lula", acrescentou. Segundo Felício, o próprio relator do orçamento na Câmara, deputado Carlito Merss (PT-SC), tem sinalizado com a possibilidade de reajuste maior na proposta orçamentária - uma vez que, conforme alguns cálculos prévios, o governo teria uma folga de recursos em torno de R$ 10 bilhões para o próximo ano.

"Vamos negociar exaustivamente. Entre quinta-feira e o dia 20, o presidente Lula vai se reunir com as centrais e, ao que tudo indica, haverá condições para tratar esse valor em patamares melhores", comentou.

Presidente da Força Sindical, segunda maior central de trabalhadores do País, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, foi duro. "A intenção do governo Lula de aumentar o salário mínimo para R$ 350 é uma humilhação e frustra as expectativas dos trabalhadores." Assim reage, em nota, o presidente da Força Sindical. As centrais reivindicam a correção para R$ 400.

Para Paulinho, o governo mostra falta de ética ao não cumprir promessa, feita nas eleições de 2002, de dobrar o poder de compra do mínimo em quatro anos de governo."Como vamos acreditar num governo que esquece com facilidades das próprias palavras?"