Título: Governistas apelam para que oposição vote orçamento
Autor: Gilse Guedes e Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2005, Nacional, p. A8

A votação do orçamento aumentou a temperatura da crise entre governo e oposição. Aliado do governo, o senador José Sarney (PMDB-AP) criticou ontem a oposição por ter obstruído, no Congresso, a votação da proposta orçamentária de 2006. "Esta é a principal tarefa do Parlamento. Qualquer divergência política entre governo e oposição não deveria atingir o orçamento", discursou no Senado.

DESISTÊNCIA

Segundo ele, barrar a votação do orçamento é o mesmo que desistir de exercer a função de parlamentar. Seu colega no PMDB, o senador Pedro Simon (RS) assumiu a mesma postura. "Não é correto deixar de votar", afirmou Simon, que fez um apelo para a oposição rever a sua decisão.

O líder da minoria no Senado, José Jorge (PFL-PE), disse que a oposição não mudar de opinião. "Se o governo quiser votar o orçamento, ponha sua maioria na Câmara e no Senado, como fazíamos no governo passado", desafiou. Segundo ele, a pecha de golpista que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou sobre a oposição contribuiu para azedar a relação com o governo. "As negociações com a oposição foram suspensas depois disso", declarou.

Os governistas reagiram. "O PT já praticou esse esporte de obstrução. É legítimo, mas não votar o orçamento nesse momento é irresponsabilidade", afirmou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).

O prazo máximo para a votação do orçamento termina dia 15 de dezembro. Caso a peça orçamentária não seja votada até quinta-feira, o Congresso pode fazer autoconvocação sem custo adicional até o final do mês.