Título: Hartung manda apurar grampo na Rede Gazeta
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2005, Nacional, p. A10

Para identificar os responsáveis pelo grampo ilegal, feito pela Polícia Civil, de um telefone da Rede Gazeta, de Vitória - com seis órgãos de imprensa e cerca de 200 jornalistas -, além de suas fontes, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), determinou ontem auditoria no equipamento usado na escuta. O objetivo é reconstituir, em no máximo 72 horas, todo o processo de monitoramento, para saber exatamente quem autorizou e quem executou a operação. O sistema, conhecido como "Guardião", dispõe de protocolo que registra todas essas informações, o que possibilita a reconstituição. A investigação poderá ter acompanhamento do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Justiça capixaba.

"No que depender do Executivo, puniremos de forma exemplar os responsáveis por esse fato absurdo e sem cabimento", disse Hartung. "Após a auditoria vamos ter os elementos necessários para adotar todas as providências cabíveis." O governador quer a checagem, principalmente, das datas de início e término das gravações.

O diretor-geral da Rede Gazeta, Carlos Fernando Lindenberg, conhecido como Café, afirmou que a situação ainda é confusa, mas contou que a empresa recebeu documentos que dão a entender que pode ter havido uma confusão acidental, feita pela operadora Vivo. "O fato é que o telefone foi grampeado", disse, destacando que os cerca de 850 funcionários, de todas as áreas, podem ter tido conversas gravadas.

CDs com as interceptações, segundo ele, circularam por Vitória: um intermediário tentou vendê-los. Foi assim que o caso chegou ao Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo, sendo denunciado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) na última sexta-feira. Ontem, a empresa entrou na Justiça com pedido para que os CDs com suas gravações sejam retirados do processo judicial que gerou o grampo.

A Vivo disse por nota cumprir rigorosamente ordens judiciais sobre quebra de sigilo e declarou não ter achado falhas na identificação das linhas. O Sindicato dos Jornalistas divulgara documentos com identificações divergentes: o primeiro, no sábado,atribuía o telefone à Telhauto; o outro, divulgado ontem, tinha como proprietária à Gazeta do Espírito Santo Rádios e TV Ltda. O número é da empresa desde 2001.

ASSASSINATO

Em março e abril, o número 9944-6352, um dos 12 celulares "de saída" da central telefônica da Rede Gazeta foi grampeado por ordem judicial, como parte das investigações do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho. O telefone, segundo pedido à Justiça, pertenceria à Telhauto Material de Construção e integrava uma lista de aparelhos que teriam recebido ou feito ligações para o sargento Heber Valêncio, um dos condenados pelo crime. A arapongagem teria atingido os jornais A Gazeta e Notícia Agora, TV Gazeta, Gazeta On Line e rádios CBN e Gazeta AM.