Título: Lamy age para garantir entrada de Bové no país
Autor: Rolf Kuntz
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

O ativista francês antiglobalização José Bové voltou a se envolver em polêmica e só conseguiu entrar em Hong Kong graças à interferência do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, e da ministra do Comércio da França, Christine Lagarde. Bové, famoso por invadir uma lanchonete McDonald's em 1999 na França e por ter destruído uma plantação de soja transgênica no Brasil em 2001, foi detido no aeroporto de Hong Kong, sob a alegação que era "persona non grata" e que teria de embarcar de volta.

Bové, que foi para a China, como representante da ONG Via Campesina, telefonou para a rádio France-Inter, que estava entrevistando Lamy, e se queixou no ar. O diretor da OMC, que também é francês, disse que tentaria resolver o problema e telefonou para o secretário de Comércio de Hong Kong, John Tsang. Horas depois, Bové obteve permissão para entrar no país.

Segundo o militante, "as autoridades locais não conhecem a realidade da luta antiglobalização e estão muito preocupadas".

Mais de 10 mil militantes, incluindo mil sul-coreanos, já se preparam para protestar contra a liberalização do comércio mundial e a OMC.

Os camponeses da Coréia do Sul se transformaram no exemplo mais dramático da resistência que alguns grupos exercem contra a globalização, desde que um de seus líderes se suicidou se matou na 5ª reunião ministerial da OMC, em 2003, em Cancún, no México. Além disso, a Coréia do Sul está a só três horas de vôo de Hong Kong.

O coordenador-geral da Missão de Luta Coreana, Joo Jei Jun, já ameaçou: "Vamos reforçar nossas lutas. Se o governo de Hong Kong, a polícia ou a OMC criarem obstáculos à liberdade de expressão, vamos recorrer à ações ousadas."

Mabel Au, porta-voz da Aliança Popular de Hong Kong contra a OMC, grupo que está organizando os protestos, tentou resumir o pensamento dos manifestantes. "Somos contra acordos. Somos contra políticas liberalizantes que não são democráticas."