Título: Indústria comprova estagnação
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2005, Economia & Negócios, p. B6

A estagnação apurada na média nacional da produção industrial em outubro foi confirmada pelos dados regionais divulgados ontem pelo IBGE. Assim como ocorreu em setembro, houve queda em 8 das 14 regiões pesquisadas, na comparação com igual mês do ano passado. São Paulo cresceu 0,9% no mês, acima da média nacional (0,4%). Para essa pesquisa, não há dado comparativo a mês anterior. André Macedo, da coordenação de indústria, disse que o desempenho de São Paulo, que responde por 40% da indústria nacional, não foi melhor por causa dos maus resultados do setor automobilístico, que registrou queda de 8,8% na produção em outubro ante igual mês de 2004. Segundo ele, isso mostra que a região poderá apresentar maior vigor em novembro, já que dados do mês divulgados pela indústria automotiva mostraram recuperação da atividade.

Em documento de análise dos dados, os técnicos do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) também avaliam que os dados mais favoráveis do setor automotivo em novembro são um sinal de recuperação mais forte da indústria paulista e, em conseqüência, do setor em nível nacional. "No ângulo do mais destacado centro industrial do País, podemos esperar um final de ano melhor do que têm sido os quatro primeiros meses desse segundo semestre de 2005", diz o documento.

Macedo destacou que a indústria paulista reverteu em outubro a queda registrada em setembro, de 1,4%, ante igual mês do ano passado. Em outubro, os melhores resultados no Estado foram apresentados pela indústria farmacêutica (24,6%), refino de petróleo e produção de álcool (8,6%) e edição e impressão (9,5%). No ano, a indústria paulista teve aumento de 4,1% na produção até outubro e em 12 meses, de 5,2%.

Nas demais regiões, a desaceleração na atividade industrial mostrada nos resultados acumulados do ano na média nacional também persiste. Mensalmente, segundo Macedo, nas regiões que apresentaram os crescimentos mais robustos em outubro ante igual mês do ano passado, como Amazonas (12,1%), Pará (6,4%) e Minas Gerais (5,2%), os destaques no desempenho foram segmentos ligados a bens duráveis ou à indústria extrativa.

Por outro lado, as indústrias do Ceará (-12,1%) e Rio Grande do Sul (-6,6%), principais resultados negativos, sofreram impacto do câmbio sobre as exportações de alimentos e calçados ou, ainda, na importação de produtos que concorrem com a produção local. No caso gaúcho, houve ainda o efeito adicional da quebra da safra agrícola.

JUROS E DÓLAR

O Iedi estima que produção industrial do País deverá crescer 2,5% este ano. O desempenho é considerado modesto, principalmente porque, na avaliação do Iedi, a economia mundial vem crescendo e ofereceu oportunidades de expansão maior. O juros elevados e o câmbio fraco são indicados como o principal motivo do fraco resultado.

Richard Dubois, sócio da Trevisan Consultores, concorda que a desaceleração da produção industrial pelo segundo mês consecutivo, deve-se a um certo desânimo por parte dos empresários que perderam mercado no exterior por conta da queda do dólar.