Título: 'Governar é muito difícil', diz Lula
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2005, Nacional, p. A7

Após receber elogios do prefeito de Bogotá, o ex-sindicalista de esquerda Luiz Eduardo Garzon, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva improvisou ontem um discurso sobre as dificuldades de governar. "A luta é muito dura, muito difícil", disse o presidente, em meio aos compromissos na Colômbia. "Primeiro, enfrentamos todo tipo de preconceito, mas, depois, uma surpresa agradável, quando muita gente, de quem não esperávamos apoio, nos apoiaram." Lula emendou uma ampla defesa dos programas sociais do seu governo e comemorou os últimos números do IBGE sobre a vida dos brasileiros. "Confirmou-se aquilo que nós acreditávamos: todos os índices sociais melhoraram: todos, sem distinção", discursou. O presidente ressaltou que esses dados ainda não levam em conta 2005 e sugeriu que o País espere os índices do final de seu mandato.

Lula agradeceu ao prefeito de Bogotá, que defendeu a sua reeleição, mas ponderou que ainda há muito a fazer no Brasil. "Afinal de contas, não consertaremos séculos de erros com um mandato de quatro anos", declarou. "Mas, certamente, estamos escolhendo a pedra correta, a terra correta, o cimento correto para mostrar que é possível edificar uma América do Sul e uma América Latina mais desenvolvidas."

Lula ressaltou que quando um sindicalista passa para a política, assumindo o governo de uma cidade, de um Estado ou de um país, a responsabilidade colocada em suas costas é maior do que a de qualquer outro político. "Por uma única razão: passamos grande parte de nossa vida fazendo pauta de reivindicações e cobrando dos governantes que fizessem aquilo que entendíamos ser correto."

Ao citar as lutas sindicalistas, Lula se classificou como "dirigente sindical razoável no Brasil". "Na ausência de outro, me tornei muito importante", afirmou. "Em nenhum momento da minha passagem pelo sindicalismo geramos a quantidade de empregos que geramos nestes últimos 36 meses. Há mais de 20 anos que o movimento sindical não conseguia celebrar acordos acima da inflação para ganhos reais."