Título: CNBB foi ao papa reclamar de Lula
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2005, Nacional, p. A8

No primeiro encontro oficial com os bispos do Brasil, o papa Bento XVI ouviu por meia hora reclamações contra a política social do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Em audiência no Vaticano, no final de novembro, a cúpula da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez um diagnóstico pessimista dos problemas sociais no País. Joseph Ratzinger, que se tornou o papa Bento XVI em abril deste ano, ouviu atentamente as queixas dos religiosos brasileiros, mas evitou comentários, segundo bispos que participaram da reunião.

"Levamos ao papa nossa preocupação com a área social", relatou ontem d. Antônio Celso de Queirós, vice-presidente da CNBB. "A gente mostrou que até houve algum avanço social neste governo, mas o povo esperava muito, muito mais", completou. Também participaram da audiência com Bento XVI o presidente da CNBB, d. Geraldo Majella Agnelo, e o secretário-geral da entidade, d. Odilo Pedre Scherer.

VISITA AO BRASIL

O papa confirmou aos bispos que participará da 5ª Conferência Episcopal Latino-Americana, na cidade de Aparecida, no Vale do Paraíba, em maio de 2007. Os integrantes da CNBB perguntaram a Bento XVI se ele queria aproveitar a viagem ao Brasil para visitar outras cidades. O papa disse que iria analisar.

Os bispos avaliaram, no entanto, que essa primeira visita ao Brasil de Ratzinger depois que se tornou papa deve se limitar a Aparecida.

NATAL

A CNBB divulgou ontem uma mensagem de Natal. No comunicado de uma página, a cúpula da entidade pede à sociedade que se abra à luz e permita que todos vivam unidos, independentemente da etnia, da cultura e do credo religioso. "A celebração do Natal do Senhor renova a nossa esperança e nos compromete com os empobrecidos, necessitados e desempregados, com a defesa e promoção da vida, com a justiça, a paz e a reforma agrária", destaca a mensagem. "Que a reconciliação supere violências e divisões, a força da união vença exclusões e as tristezas cedam lugar à alegria."

Já em entrevista coletiva, a cúpula da entidade reclamou que os shoppings eliminam o sentido religioso do Natal. "É preciso recuperar o sentido do Natal como Deus conosco", disse d. Antonio Celso de Quierós.

O religioso também criticou a proliferação de seitas. "A religião virou um produto, um objeto de consumo. Quem oferece um produto acessível ganha mais."