Título: Líderes petistas acusam oposição de golpismo
Autor: André Palhano
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/12/2005, Nacional, p. A7

Mercadante e Fontana repetem Lula e condenam impeachment

"Há setores da oposição que são responsáveis e democráticos, mas é evidente que há setores golpistas", afirmou ontem o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), fazendo coro às acusações feitas na sexta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após um encontro do Mercosul, no Uruguai, o presidente comparou os seus adversários à oposição venezuelana, que conseguiu afastar temporariamente o presidente Hugo Chávez, em abril de 2002, após um golpe. Na opinião de Mercadante, o fato de nos últimos 60 anos apenas três presidentes eleitos terem conseguido cumprir o seu mandato até o fim indica que "a vocação golpista das elites" sempre esteve presente no cenário político brasileiro.

O líder da bancada do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), também saiu em defesa do presidente, ao afirmar que alguns partidos de oposição indicaram atitude golpista ao terem cogitado o impeachment de Lula. "Pensaram em golpe sim", afirmou Fontana. Ele disse, ainda, que a estratégia dos adversários tem sido a de misturar denúncias que tenham alguma consistência com outras totalmente inconsistentes.

Fontana acusou a oposição de utilizar a votação do orçamento de 2006 como instrumento de barganha e concluiu que os adversários adotaram uma posição "desequilibrada" no trato com o presidente.

Anteontem, em resposta às declarações de Lula, o líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman (SP), comentou que Lula começava a dar sinais de que perdia o equilíbrio.

EXAGERO

Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi mais ameno em relação à tese de golpismo. "Em algumas ocasiões, a oposição tem exagerado na forma que tem agido, mas não creio em atitude, até agora, para derrubar o presidente", disse Suplicy. "Acho que ainda não há o clima que aconteceu na Venezuela", acrescentou o senador petista.

Os três parlamentares participaram ontem, em São Paulo, da primeira reunião do Diretório Nacional do PT desde que a nova direção assumiu o partido.