Título: 'O presente de Natal ficou para o próximo ano', diz Tabacof
Autor: Renée Pereira e Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2005, Economia & Negócios, p. B1

Diretor do Ciesp avalia que decisão foi conservadora e decepcionante Indústria, comércio e financeiras consideraram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de reduzir em 0,5 ponto porcentual a taxa básica de juros excessivamente conservadora. Na prática, há condições objetivas para um corte maior, especialmente depois da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) que mostrou uma freada na economia. "O presente de Natal ficou para o próximo ano. A redução de 0,5 ponto porcentual não anima a indústria, ao contrário, decepciona", afirmou o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof. Para ele, o Copom foi excessivamente conservador e 2005 entrará para a história como um ano de oportunidades perdidas. Ele observa que a combinação de juros "estratosféricos" com câmbio valorizado afetou o crescimento do País.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, considera frustrante a decisão do Copom. "O BC continua assumindo uma posição conservafdora e permanece insensível às condições da economia."

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, foi na mesma direção. Para ele, não havia motivo para uma redução tão inexpressiva. "A economia terminará o ano com crescimento medíocre. A Fiesp esperava um Natal menos amargo para o Brasil."

Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Guilherme Afif Domingos, o Copom, mais uma vez, pautou sua atuação pelo conservadorismo. A entidade esperava um corte de 1%, pois os indicadores da economia mostram desaceleração da atividade econômica, enquanto os índices de inflação sinalizam a convergência para a meta e o cenário externo continua a se mostrar favorável.

"Essa decisão deve afetar não apenas os resultados do varejo no fim do ano, mas as encomendas para a indústria no início de 2006, comprometendo as perspectivas de crescimento do PIB", diz Afif.

Segundo o presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman, se o governo tiver qualquer intenção de reaquecer a economia em 2006, precisa continuar reduzindo a Selic em janeiro. "A decisão não nos surpreendeu, mas é extremamente prejudicial ao setor produtivo."

"Parece que o Copom nunca vai nos dar uma boa notícia", diz Érico Sodré Quirino Ferreira, presidente da Acrefi, entidade que reúne as financeiras. Ele considera que o BC poderia ousar um pouco mais.