Título: Mentor deve incluir mais um tucano em novo relatório
Autor: Leonel Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2004, Nacional, p. A12

Um relatório complementar da CPI do Banestado que está sendo elaborado pelo deputado José Mentor (PT-SP) deverá aprofundar ainda mais a crise política entre petistas governistas e oposicionistas tucanos. Depois de apontar o ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique, Gustavo Franco, como o principal responsável pela evasão de divisas entre 1996 e 2002, Mentor deve incluir o nome do deputado Vittorio Medioli (PSDB-MG) entre os suspeitos de terem enviado dinheiro ilegalmente ao exterior no relatório complementar que já está elaborando. Adocumentação com as movimentações financeiras realizadas pelo deputado Medioli está sendo analisada pelos técnicos da CPI. O deputado tucano enviou ao relator da comissão justificativas sobre as suas transações financeiras internacionais. Só depois do resultado desta análise Mentor deverá decidir se vai pedir o indiciamento deMedioli ou sugerir que os indícios de irregularidades sejam investigados pelo Ministério Público Federal. ¿O relatório ainda não foi completamente concluído. Os documentosem poder da CPI ainda estão sendo analisados e na terçafeira teremos um fecho definitivo sobre o assunto¿, informou Mentor. Além de Medioli, o relatório complementar da CPI deverá citar os nomes do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), vice-líder do governo no Senado, e do deputado Ricardo Rique (PLPB), que é da base parlamentar governista.Osenador e o deputado também enviaram explicações por escrito ao relator que está analisando as informações para verificar se houve irregularidades nas transações financeiras internacionais. Se as operações com bancos estrangeiros revelarem sonegação fiscal, evasão de divisas ou crime contra o sistema financeiro nacional, o relator poderá pedir o indiciamento dos parlamentares. ANISTIA José Mentor pediu ontem aos assessores dos ministérios da Fazenda e Justiça informações sobre a viabilidade jurídica e operacional da proposta que fez de anistiar os brasileiros que enviaram dinheiro ilegalmente ao exterior ¿ via conta CC 5 ou através de doleiros ¿ e decidam agora repatriar os dólares. Pela proposta, estes brasileiros pagariam uma alíquota menor de Imposto de Renda e não seriam processados civil ou penalmente pelo Estado. Mentor estima emUS$ 100 bilhões o total de dinheiro enviado ilegalmente por brasileiros ao exterior. Ele acredita que a proposta de anistia, assim como ocorreu com México, Espanha e Itália, poderá trazer ao Brasil uma boa parte deste dinheiro que saiu do País, em muitos casos, por insegurança do poupador brasileiro. ¿O empréstimo tomado pelo governo anterior ao FMI foi de US$ 30 bilhões. Se conseguirmos, com a anistia, recuperar uma parte do dinheiro enviado ilegalmente ao exterior poderemos propiciar maior crescimento econômico e geração de emprego¿, argumentou Mentor.