Título: Lula: eleição não será prioridade
Autor: BRASÍLIA
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2004, Nacional, p. A14

confraternização com oficiais-generais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não permitirá que a eleição de 2006 atrapalhe as prioridades do governo: desenvolvimento, crescimento econômico, geração de emprego e distribuição de renda. Nem Lula nem seu anfitrião, o comandante da Marinha, almirante Roberto de Guimarães Carvalho, falaram sobre arquivos da ditadura. ¿Não vamos permitir que as eleições de 2006 possam ser a prioridade número um do governo, como já aconteceu em outros momentos históricos do Brasil, emque jogamos oportunidades fora, por conta de eleições¿, disse Lula, quando improvisou em seu discurso, no Clube Naval. ¿Desta vez, não vamos jogar fora esta oportunidade, porque o povo não merece outra frustração.¿ Para ele, o povo precisa ¿agarrar¿ esta chance para levar o Brasil ao ¿rol dos países desenvolvidos¿. As declarações foram feitas um dia após as críticas do ex-presidente Fernando Henrique ao governo. Lula afirmou que pode dizer, ¿de forma muito orgulhosa, que o Brasil reencontrou o seu caminho¿. ¿Olho para o ano de 2005 e vejo um mar de almirante, mais tranqüilo do que tivemos este ano. Vejo céu de brigadeiro, muito mais tranqüilo do que este ano, e para todo lado que olho sinto que há esperança e otimismo.¿ Mais tarde, na assinatura do pacto entre os três Poderes, em favor de um Judiciário mais rápido, no Planalto, Lula voltou a fazer críticas indiretas a FHC. ¿Se nós não estivermos preocupados com a nossa biografia e muito menos com a nossa fotografia, se nós não tivermos preocupados com a eleição e dedicarmos todo o nosso esforço em 2005 para fazermos o que a gente tem de fazer, penso que nós não teremos nenhuma biografia e nenhuma fotografia, mas teremos, quem sabe, um pôster, uma fotografia de milhões de brasileiros que serão beneficiados pelo nosso bom senso, que serão beneficiados pelo nosso despojamento pessoal.¿ Lula disse que o compromisso que estava sendo assumido por aquelas autoridades ¿demonstra que muito mais do que a arrogância política, muito mais do que a vaidade pessoal, muito mais do que o pequeno interesse de saber o que vai acontecer a um de nós no dia seguinte, nós dedicamos um momento da nossa vida para pensar no povo¿.