Título: Mercadante: culpa é do CMN
Autor: Rosa CostaDenise Madue¿o
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2004, Economia, p. B1

Como vem ocorrendo nos últimos meses, o aumento da taxa básica de juros recebeu críticas no Congresso Nacional, tanto de parlamentares da oposição quanto da base aliada do governo. Para os congressistas, a medida inibe o crescimento da economia dos últimos meses. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), aproveitou para dar uma estocada nas metas de inflação adotadas pela equipe do ministro Antonio Palocci. Segundo ele, o aumento dos juros é decorrente do equívoco patrocinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que reduziu a meta de inflação de 2005 de 5,5% para 4,5%. Para ele, a elevação do juro foi necessária porque a inflação acumulada no ano já ultrapassou a meta inflacionária. Mercadante disse que isso poderia ter sido evitado se a meta para 2005 fosse de 5,5%. "Acredito que já em 2005, retomaremos a queda das taxas de juros."

O líder do PSDB na Câmara, deputado Custódio Matos (MG), destacou que, enquanto o presidente da República afirma que o desafio é o desenvolvimento e o crescimento, o BC sinaliza que o País não vai crescer. Segundo Custódio, a inflação está sob controle, os preços de combustíveis estão com tendência de queda e, portanto, não seria necessário o aumento da Selic. "Está virando quase um exercício de masoquismo." O líder do PFL, senador José Agripino, considerou a decisão incompreensível. "O governo sabe que o crescimento da indústria já vinha caindo, que isso significa retração de investimento e diminuição do crescimento interno. Definitivamente, este governo não quer crescer", afirmou Agripino. Já o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) considerou o aumento um erro: "Foi um gesto fora de propósito e mostra que a política econômica e m curso é mais conservadora que a que vinha sendo aplicada pelo PSDB".

Até o vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), enxergou a medida como negativa. Para ele, o aumento dos juros significa menos investimento na produção e, conseqüentemente, acaba com a expectativa de criar novos empregos.