Título: Lula deveanunciarmínimoatéamanhã
Autor: Leonencio NossaEugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2004, Nacional, p. A-7

Ele quer operação casada:salário maior e correção da tabela do IR com índice menor

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve definir, até amanhã, o novo valor do salário mínimo, assim como o porcentual do reajuste da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). A intenção do governo é fazer uma operação casada: dar um salário mínimo maior e corrigir a tabela com um índice menor. A tendência é que o mínimo fique em R$ 300, a partir de maio. Lula tratou dos reajustes ontem, emreunião no Palácio do Planalto com líderes no Congresso e ministros. O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse que o encontro de ontem avançou muito em relação ao impacto do salário mínimo orçamento da Previdência Social, além de tratar do impacto no mercado de trabalho. Berzoini disse que a data do reajuste não foi definida: ¿A discussão está entre janeiro e maio. Se for janeiro, o valor será um pouco menor (R$ 290); se for maio, será maior (R$ 300). O importante é que tenhamos um valor que seja um número real, significativo, e o presidente está consciente de que é preciso resolver essa questão frente a outras demandas do orçamento.¿ O líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP), disse que o governo pretende dar um reajuste superior aos números da inflação. Sem falar em percentuais, o líder governista afirmou que o novo mínimo representará um ¿salto¿ na distribuição de renda. ¿As hipóteses que o presidente tem em mãos demonstram que o trabalhador terá um ganho melhor em janeiro, mas é óbvio que, do ponto de vista dos números, o reajuste tem de ser inferior a um (reajuste) concedido em maio. Vamos fazer uma análise política dos estudos.¿ CARAVANA Luizinho disse que Lula está informado sobre a caravana promovida pelas centrais sindicais, especialmente a CUT, em direção a Brasília para pressionar o governo a dar um mínimo de R$ 300. Além de Luizinho eBerzoini, participaram da reunião o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, e os ministros Antonio Palocci (Fazenda), José Dirceu (Casa Civil), Aldo Rebelo (Coordenação Política) e Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação). Também esteve presente na reunião o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid. ¿Ele (Lula) gostaria que a condição final fosse a que resultasse num ganho maior para o bolso do trabalhador no decorrer do ano, mas não pode deixar de analisar o dado político também¿, disse Rachid. José Alencar afirmou, durante passagem pelo Congresso, que um dos problemas em relação ao reajuste domínimo é sua vinculação à Previdência. Ele ressaltou que há no governo ¿um propósito de verificar o caso para acabar com a vinculação, porque isso está prejudicando um salário mínimo mais digno.¿ Ele não quis falar nos valores relativos ao aumento dos pagamentos a segurados da Previdência resultantes do reajuste do mínimo. Disse que o grande problema, ¿que preocupa o governo 24 horas¿, é segurar a alta da inflação. ¿Não adianta mexer emsaláriomínimo. Oimportante é você manter o valor de compra da moeda. Ou seja: debelada a inflação, nós poderíamos dar qualquer coisa. Nós precisamos dar (aumento ao mínimo), porque o trabalhador no Brasil ganha muito pouco¿, afirmou Alencar, antes de iniciar sua participação em um encontro de prefeitos eleitos pelo PL. Ele afirmou que o governo estuda a correção na tabela do IR. ¿Há uma boa vontade muito grande do governo para tratar de tudo que diga respeito a benefício para as pessoas menos favorecidas.¿ Fez, porém, a ressalva de que a preocupação maior é com os impostos indiretos. ¿Todo mundo sabe que Imposto de Renda no Brasil ¿ e falo como contribuinte ¿ é baixo. Os impostos altos são os indiretos, que pesam sobre o consumo, como ICMS, PIS/ Cofins, CSLL e IPI¿, disse.