Título: Operação Saia Justa prende 6fraudadores do INSS no Rio
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2004, Nacional, p. A-12

Esquema que funcionava no posto de Irajá causava prejuízo anual deR$ 600 mil

A Polícia Federal prendeu ontem seis integrantes de uma quadrilha de fraudadores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Rio. Segundo a PF, a quadrilha incluía três funcionários do posto do INSS em Irajá e concedia aposentadorias a contribuintes que ainda não tinham cumprido os requisitos para obtê-la. O esquema causava prejuízo anual de pelo menos R$ 600 mil à Previdência. A investigação da força-tarefa de PF, INSS eMinistério Público Federal durou quase dois meses e culminou na operação ontem, chamada de Saia Justa porque há quatro mulheres envolvidas: a ex-chefe do posto Nilza Reis e Silva, de 50 anos, que foi presa em casa, na Baixada Fluminense, Edna Fonseca Afonso, de 61 anos, Lúcia Catarina Rodrigues Sales, de 52, e Elizabeth Calmon Gomes Magalhães, 51, que agiam como despachantes. As duas últimas são exfuncionárias do posto. Além de Nilza, participavam do esquema dois servidores do posto do INSS do Irajá: Edson Portela de Azevedo, de 39 anos, e Flávio Bruno, de 46, também presos. Aoperação começou no fim da madrugada. Todos foram presos emcasa.Comas despachantes foram apreendidos carteiras de trabalho e outros papéis. No posto no Irajá, agentes da PF passaram a manhã procurando nos arquivos documentos de 30 aposentadorias dadas nos últimos quatro meses, escolhidas aleatoriamente. Todas foram concedidas de forma fraudulenta. ¿Esse é o dado assustador. Este posto é campeão de fraudes. Éa terceira geração de mafiosos de Irajá¿, disse o procurador da República Fábio Aragão, que acompanhou a ação no posto. VOLUME EXPRESSIVO O delegado Acen Amaral Vatef, da Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários (Deleprev), contou que a quadrilha lançava no sistema do INSS vínculos empregatícios inexistentes, majorações de tempo de serviço, conversões de atividades especiais para obter aposentadorias com menor tempo de serviço e abaixo da idade limite. ¿É possível que mais pessoas estejam envolvidas. A amostragem indica que deve haver porcentual expressivo de aposentadorias fraudulentas.¿ Ele não descarta a hipótese de conivência da atual direção. O posto continuará sob investigação e deve ser iniciada a revisão de todas as aposentadorias dadas ali. Segundo o delegado, os beneficiários do esquema tambémpodem ser responsabilizados criminalmente. As pessoas davam como pagamento pelo serviço o primeiro benefício, entre R$ 1.000 e R$ 2.000, e o valor retroativo ao início da ação. As despachantes entregavam 50% aos funcionários do INSS envolvidos. Os presos serão indiciados por formação de quadrilha, estelionato e peculato. Eles podem ser condenados a 20 anos de prisão.OEstado doRio lidera as fraudes contra a Previdência. Na Deleprev há 8 mil inquéritos em curso. Em dois anos, a força-tarefa já identificou rombo de R$ 2,14 bilhões no INSS do Rio e R$ 900 milhões foram recuperados.