Título: Governo cria projeto paracomunidades quilombolas
Autor: Fabiana Cimieri
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2004, VIDA &, p. A-15

As comunidades quilombolas, formadas por descendentes de escravos negros fugitivos, que, muitas vezes vivem no isolamento completo, irão receber, a partir do ano que vem, a visita de empresários, atletas, políticos e artistas. O objetivo do projeto é preservar a memória dessas comunidades e levar a cultura do restante da sociedade até elas. O programa, coordenado pelo sambista e compositor Martinho da Vila, será lançado hoje, em Brasília, pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e faz parte das seis linhas de ação do governo federal para colocar em prática a Política Nacional de Igualdade Racial. Oprojeto ainda está em fase de finalização. Por isso, ainda não está definida a quantidade de quilombos que serão visitados no primeiro ano do projeto. O Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária (Incra) já mapeou 1.500 comunidades remanescentes de quilombos (quilombolas). De acordo com pesquisadores, esse número pode chegar a 3 mil. Cada personalidade escolhida ficará dois dias em um quilombo. Nesse período, os convidados irão conhecer a comunidade, contar e ouvir histórias. Tudo será documentado em vídeos que depois farão parte do acervo da secretaria destinado à preservação da memória dos quilombos. Os artistas também farão shows para os quilombolas e terão de escrever sobre a experiência.Asecretaria não revelou o valor do cachê oferecido nem o investimento que será feito no programa.Ocantor Toni Garrido, vocalista do grupo Cidade Negra, o cantor de pagode Netinho, a sambista Leci Brandão e a atriz Zezé Motta foram convidados e vão participar. A cientista social Elisa Nascimento, diretora do Instituto de Pesquisas Afro-Brasileiros (Ipeafro) aplaudiu o projeto: ¿Acho muito válida por reconhecer e valorizar essas comunidades como parte da diversidade brasileira. Muitas dessas comunidades não têm acesso aos bens culturais da sociedade¿, afirmou.