Título: Comércio fatura 5%mais este ano
Autor: MárciaDe Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2004, ECONOMIA & NEGÓCIOS, p. B-4

Fecomércio atribui desempenho à expansão do crediário e diz que sucessivas altas de juros vão comprometer 1.º trimestre

A acentuada expansão do crediário este ano vai permitir que o comércio de São Paulo feche 2004 com um aumento de 5% no faturamento em relação a 2003. O crescimento, segundo a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), pode ser considerado expressivo e mostra recuperação.Em2003, as vendas tiveram queda de 3,8% na comparação com o ano anterior. Para o Natal a expectativa é que o varejo fature entre 2% e 4%a mais comparado com idêntico período em 2003. A possibilidade de nova alta dos juros, que pode ser anunciada amanhã, após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), não deve alterar a previsão. ¿O reflexo dos sucessivos aumentos das taxas virá no primeiro trimestre de 2005, que será bem mais difícil¿, diz o presidente da Fecomércio. Abram Szajman. Ocrescimento deste ano, explica, mesmo expressivo, não pode ainda ser considerado sustentado. ¿Ele se deu em cima do crédito e não de uma ampliação significativa do emprego e da renda, que ficou estagnada.¿ Os segmentos mais beneficiados pelo crédito, que se destacaram no acumulado das vendas de janeiro a outubro, foram o de eletroeletrônicos, com crescimento de 18,49%, as lojas de vestuário e calçados, com 17,78%, e as concessionárias de veículos, com 11,32%. As vendas neste mês deslancharam nas lojas de artigos de vestuário, mas ainda estão em marcha lenta nas grandes redes de eletrodomésticos e móveis. No fim de semana, os shoppings venderam 15% mais que no mesmo período de 2003, segundo a Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping. Números da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram que até o dia 8 deste mês as consultas para vendas à vista cresciam a uma taxa de 10,5% na comparação com o ano anterior, enquanto os negócios do crediário estavam 1,4% maiores. ¿Os presentes de menor valor estão predominando¿, diz o economista da entidade, Emílio Alfieri. Essa avaliação é compartilhada pelo supervisor geral da Lojas Cem, Valdemir Colleone. ¿As vendas estão fracas. Estamos crescendo 8% e a previsão era de um acréscimo de, no mínimo, 20%.¿ Ele acredita que os negócios vão melhorar depois do dia 20, quando os trabalhadores já terão embolsado a segunda parcela do 13.º salário. Às vésperas do Natal, o endividamento do consumidor também cresceu,mas o número de inadimplentes caiu de 41% em novembro para 33% este mês, revela outra pesquisa da Fecomércio. Entre mil consumidores entrevistados, 70% têm dívidas a pagar, ante 65% em novembro. Para o fim de ano, o nível de endividamento é considerado normal, assim como a queda da inadimplência.Aintenção de quitar débitos bateu recorde em dezembro, chegando a 77% dos entrevistados.