Título: Iraque quer Petrobrás de volta ao país
Autor: NicolaPamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2004, ECONOMIA & NEGÓCIOS, p. B-7

Estatal fez negócios de mais de US$1bilhão por ano com os iraquianos nas décadas de 70 e 80, antes da primeira Guerra do Golfo

Ogoverno iraquiano quer voltar a fazer negócios com a Petrobrás. Em entrevista exclusiva ao Estado, o ministro do Comércio iraquiano, Mohammed Al-Jibouri, informou que vai entraremcontato com a estatal brasileira nas próximas semanas e espera poder debater o futuro da relação como governo do Iraque. Novas licitações públicas para investimentos no setor de petróleo serão abertas após o processo eleitoral no país, que ocorre no fim de janeiro.¿A Petrobrás é uma grande empresa e queremos voltar a ter um comércio com a companhia no mesmo nível dos anos 80, quando chegamos a registrar trocas de mais de US$ 1 bilhão por ano¿, afirmou Al-Jibouri. De passagem por Genebra, onde conseguiu aprovação para iniciar negociações para aderir à Organização Mundial do Comércio (OMC), o ministro se considera um especialista nas relações entre Bagdá e Brasília. ¿Na década de 80, fui responsável por negociar a participação da Petrobrás no Iraque e elaborei o acordo possibilitando a exploração de petróleo pela empresa¿, diz o ministro, que afirma ter feito várias viagens a São Paulo e ao Rio de Janeiro antes da primeira Guerra do Golfo, em 1991. ¿O Brasil é minha segunda nação¿, disse Al-Jibouri. Segundo os iraquianos, apesar de o país ser uma das maiores reservas de petróleo do mundo, necessita de investimentos para modernizar a exploração dos recursos. Hoje, com a infra-estrutura que possui, o Iraque teria a capacidade de exportar cerca de 2 milhões de barris por dia, volume considerado muito abaixo do potencial do país.Aviolência no Iraque e as conseqüências de anos de guerras impedem que as vendas ao exterior cheguem aos 2milhões de barris por dia. ¿Esperamos controlar a violência para dar novo impulso ao comércio com a comunidade internacional.¿ Apesar do entusiasmo deAl-Jibouri em relação ao Brasil, fontes de Bagdá admitem que um dos problemas para a Petrobrás obter licenças de exploração é a concorrência das empresas americanas, favorecidas nos contratos. O ministro ainda faz questão de ressaltar que não quer estreitar as relações com o Brasil apenas no setor energético. ¿O Iraque quer diversificar sua economia. Por isso, queremos negócios no setor agrícola, industrial e em várias outras áreas.Nopassado, tivemos boa cooperaçãocom a Volkswagen, que produzia carros e caminhões no Brasil e os exportava para o Iraque. Nos últimos anos, o petróleo representou 97% de nosso comércio, e isso não é bom. Não queremos ficar dependentes de um só produto.¿ NO FUTURO A Petrobrás admite que já negocia um acordo de cooperação tecnológica com o Iraque. Segundo o diretor internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, porém, não há planos de iniciar operaçõesemterritório iraquiano no curto prazo. ¿Fomos procurados por eles e estamos retomando os contatos para, quem sabe, no futuro, fazermos algum negócio.¿ Cerveró informou ainda que a estatal participa, no primeiro trimestre de 2005, de um leilão de áreas exploratórias na Líbia. Depois, no segundo semestre, deve se candidatar também para procurar gás natural na Argélia, seguindo a estratégia de ampliar a área de atuação internacional da companhia