Título: Mais um remédio sob suspeita: o Flanax
Autor: Adriana Dias Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2004, Vida &, p. A15

Estudo americano diz que antiinflamatório pode fazer mal ao coração

Mais um antiinflamatório entrou na lista dos que podem causar danos ao coração: o Flanax, da Roche. O FDA, órgão que regula medicamentos nos EUA, anunciou na segunda-feira que o consumo de medicamentos fabricados com o princípio ativo naproxyn (do Flanax) deve ser suspenso após dez dias de ingestão ininterrupta. A descoberta surgiu num estudo que examinava se o Celebra (da Pfizer) e o Naproxeno reduziriam a incidência do mal de Alzheimer. A pesquisa foi suspensa na própria segunda-feira quando foi revelado aumento de 50% da incidência de enfarte e de embolia em pacientes que tomavam o Naproxeno. A Pfizer divulgou nota oficial ontem afirmando que o National Institute of Health (ligado ao FDA) anunciou não ter verificado aumento de riscos cardiovasculares do Celebra. Vale lembrar que na semana passada a própria Pfizer americana informou ter recebido estudo patrocinado pelo Instituto Nacional do Câncer nos EUA afirmando o contrário.

O Flanax chegou ao Brasil em 2000, pela Roche - a propaganda da versão sem prescrição médica traz o ex-jogador Raí. A partir da semana que vem, porém, ele será comercializado pela Bayer. Em comunicado oficial, a Bayer informa ainda não ter tido acesso a todas as informações, não poderia ainda comentar o estudo e está investigando o caso: "O laboratório está de acordo com a recomendação do FDA de que os consumidores devem seguir com atenção as instruções contidas na bula."

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Flanax não terá sua venda suspensa no País porque a advertência feita pelo estudo americano só vale para pacientes que excedem a dose recomendada. Na bula já existe a recomendação de que o medicamento não é indicado por mais de dez dias consecutivos, a não ser sob orientação médica. Nos EUA, remédios com o princípio ativo são vendidos sem prescrição médica desde 1994.

No Brasil, o medicamento é vendido sem prescrição médica (em embalagens de 275 mg) e com prescrição (de 550 mg). O Flanax é inibidor principalmente da enzima COX-1, presente em todo corpo. O Celebra, o Bextra e o Vioxx, já acusados de causar problemas cardiovasculares, são inibidores da COX-2, enzima que não está presente no estômago.