Título: Pior ataque contra EUA: 24 mortos
Autor: AP, Reuters e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2004, Internacional, p. A16

Números ainda confusos apontavam 19 soldados americanos; os outros eram militares de outro país e empregados da Halliburton

A resistência iraquiana atacou ontem uma base militar dos EUA em Mossul, no momento em que centenas de soldados americanos, membros das forças iraquianas e civis estavam reunidos no refeitório para o almoço. Morreram 19 soldados dos EUA e outros 3 militares cuja nacionalidade não foi divulgada, segundo o porta-voz militar em Bagdá, tenente Steve Boylan. Os feridos são 57. Mas os números eram contraditórios. Outro porta-voz, o tenente Paul Hastings, da unidade militar atacada em Mossul, a Força-Tarefa Olympia, mencionou 24 mortes e não soube explicar a diferença na contagem. "O número é muito caótico. Temos diferentes números, que ainda vão mudar", justificou. Ao mesmo tempo, uma assessora da empresa americana Halliburton confirmou a morte de quatro empregados e três subcontratados que estavam na base, sem especificar sua nacionalidade.

Foi o ataque isolado mais mortífero contra as tropas americanas no Iraque desde a invasão do país em março de 2003 (ler mais na pág. A17). O ataque foi desfechado 48 horas depois que a explosão de dois carros-bomba matou 67 pessoas nas cidades xiitas de Najaf e Kerbala, no sul.

Também não está claro que tipo de arma provocou as explosões na base, na periferia de Mossul, cidade de maioria sunita localizada 350 quilômetros ao norte de Bagdá. Inicialmente, oficiais mencionaram foguetes ou morteiros. A base de Merez, também conhecida como Al-Ghizlani, é usada tanto pelas forças americanas como iraquianas. "A força da explosão fez os soldados caírem das cadeiras. Uma fumaça espessa envolveu a barraca e cobriu o chão", relatou o repórter americano Jeremy Redmon, que acompanha essa força-tarefa pelo jornal Richmond Times-Dispatch.

O grupo radical islâmico iraquiano Exército Ansar al-Suna assumiu a responsabilidade pelo ataque num comunicado na Internet e informou ter sido uma ação de atacantes suicidas. Essa organização é ligada à rede Al-Qaeda, segundo os EUA.

Mossul é a terceira maior cidade do Iraque. Os ataques rebeldes se intensificaram em Mossul depois da ofensiva americana contra Faluja, em novembro. Líderes da resistência deslocaram então suas ações para outras cidades sunitas e contam com apoio local. Antes do ataque à base de Merez, centenas de estudantes protestaram no centro de Mossul, exigindo que as tropas americanas parem de invadir casas e mesquitas.

Ontem, forças iraquianas repeliram um grupo armado que tentou tomar uma delegacia no centro de Mossul. A oeste de Bagdá, jatos dos EUA bombardearam várias edificações numa área de atuação dos rebeldes. O médico de um hospital local informou que quatro pessoas morreram e sete ficaram feridas. Porta-vozes dos EUA não confirmaram o ataque.

Em Baquba, ao norte de Bagdá, franco-atiradores mataram o cientista nuclear iraquiano Taleb Ibrahim al-Daher, professor da Universidade de Diyala. Um importante oleoduto de ligação entre o norte iraquiano e o porto turco de Ceyhan foi incendiado ontem.