Título: Mais câmeras contra o crime
Autor: Eduardo Kattah, Laura Diniz,Elder Ogliari, Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2004, Metrólpole, p. C-5

Belo Horizonte e São José do Rio Preto instalam equipamentos nas ruaspara reduzir aviolência

A instalação de câmeras de vigilância em ruas de grande movimento tem-se mostrado uma ferramenta eficaz no combate à violência. Cidades que já contam com o sistema de monitoramento eletrônico, como Porto Alegre (RS) e Vinhedo (SP), garantem que houve queda no número de ocorrências. Ontem, foi a vez de Belo Horizonte (MG) e São José do Rio Preto instalarem câmeras nas ruas. Os municípios têm aderido a essa medida de segurança, bancando sozinhos os custos de instalação ou buscando parcerias. Na capital mineira, os equipamentos foram instalados a partir de um investimento inicial de R$ 4 milhões feito pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). A região central e os bairros Savassi e Barro Preto foram as primeiras áreas a receber o projeto Olho Vivo. Esses pontos têm grande movimento de comércio e serão vigiados 24 horas por 72 câmeras de alta definição. O monitoramento das imagens será feito pelo Centro Integrado de Atendimento e Despacho (Ciad), que concentra o atendimento de chamadas de emergências das Polícias Civil eMilitar. ¿Hoje, em Belo Horizonte, o maior desafio é a segurança¿, admitiu o prefeito reeleito, Fernando Pimentel (PT), ao lado do governador Aécio Neves (PSDB). A prefeitura e o Estado anunciaram que já estão garantidos R$ 100 milhões para a manutenção do programa por 50 anos. A expectativa é reduzir em 40% os índices de criminalidade. Em dois anos, São José dos Campos, no Vale do Paraíba, reduziu esses índices em 30%, com a instalação de 33 câmeras. Amanhã, começam a funcionar no centro e em alguns bairros as 47 novas câmeras que vão completar o sistema de vigilância. Segundo o diretor do Centro de Operações Integradas (COI), controlador do sistema, Alberto Queiroz, essa nova fase do projeto custou à prefeitura R$ 1,7 milhão. Mais modernas, as câmeras que começaram a ser instaladas ontem captam imagens com mais qualidade e giram 360 graus. ¿O maior alcance possibilitará a identificação do rosto do assaltante a uma distância de até 200 metros.¿ Porto Alegre também instalou câmeras de alta precisão e, em dois meses, conseguiu reduzi a ocorrência de crimes em dez locais. O sistema custou R$ 2 milhões, divididos entre Estado e Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). Apesar de moradores e comerciantes das regiões beneficiadas duvidarem da eficácia da medida, o governo está satisfeito com o resultado e deve instalar este mês mais 16 câmeras em pontos de grande movimento. Otenente-coronel João Carlos Trindade, diretor de Relações Institucionais da Secretaria da Justiça e Segurança, está convencido de que a câmera é uma excelente ferramenta para conter a criminalidade nas ruas. ¿Talvez as pessoas não percebam a redução das ocorrências porque estão em áreas de grande circulação.¿ Um dos primeiro dos primeiros municípios a instalar câmeras de vigilância nas ruas, entre dezembro de 1999 e janeiros de 2000, Vinhedo reduziu os caso de furtos e roubos de veículos em 60%. Segundo o secretário municipal de Segurança, Altair Infanger, este ano, as 18 câmeras da região central foram substituídas por 5mais modernas. Há ainda um equipamento na principal entrada da cidade, duas na rodoviária e cinco, dos modelos antigos, no bairro Aquários. A renovação do sistema custou aproximadamente R$ 70 mil. Em Praia Grande (SP), o número de furtos e roubos de automóveis teve queda de 61% desde outubro de 2002, quando foram instaladas as 745 câmeras em toda a cidade. Também houve redução de 35% no total de homicídios e de 95% no vandalismo. Aprefeitura investiu sozinha R$ 5 milhões no sistema EFICÁCIA ¿Do ponto de vista técnico, as câmeras são eficientes se houver gente monitorando as imagens o tempo todo, gravação de tudo que é captado e uma boa resolução de imagem¿, afirmou Guaracy Mingardi, pesquisador do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente. Para evitar que o sistema se transforme em Big Brother, ele sugere fiscalização constante da população. ¿As organizações de bairro e os conselhos de segurança locais devem poder verificar a captura das imagens sempre, sem avisar previamente.¿

Pesquisador defende que associações de moradores tenham acesso às imagens