Título: Na oposição, PT fez marcação cerrada contra mordomias de ministros de FHC
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2005, Nacional, p. A6

BRASÍLIA - Quando foram acusados de mau uso da máquina pública no governo Fernando Henrique Cardoso, o ministro Clóvis Carvalho e o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que tinham viajado com a família para a ilha de Fernando de Noronha, não hesitaram: pegaram o talão de cheques e devolveram o dinheiro ao Tesouro Nacional. Carvalho pagou R$ 25 mil e Brindeiro, R$ 18 mil. No governo passado, as viagens que misturavam bens públicos e lazer foram diligentemente investigadas pelo Ministério Público Federal e vigiadas pelo PT. Além de Carvalho e Brindeiro, outros seis ministros foram acusados, em diferentes ocasiões, de usar jatinhos da Força Aérea Brasileira para viagens de lazer. Quase todos foram processados em 1998 e 1999 pelos procuradores federais Luiz Francisco de Souza e Guilherme Schelb. Os outros ministros acusados foram Raul Jungmann, Francisco Weffort, Ronaldo Sardenberg, Pedro Malan, Paulo Renato Souza e José Serra. O primeiro a receber uma condenação foi o então ministro de Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg. Os procuradores identificaram viagens de Sardenberg em jatinhos da FAB para Salvador e Ilhéus no carnaval, no Natal e no réveillon de 1996 e 1997. Em 1998, o ministro, que então era secretário de Assuntos Estratégicos, viajou para Fernando de Noronha e se hospedou no Hotel de Trânsito dos militares na ilha. A maior polêmica em viagens oficiais ocorreu em 1989, quando o então presidente José Sarney comandou, no Boeing 707 da Presidência - que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aposentará nos próximos dias - uma legião de 150 convidados (o Japão levou 80 e a Itália, 60), com todas as despesas pagas, para os festejos dos 200 anos da Revolução Francesa.