Título: Caso Benedita custou cargo e devolução de R$ 4,8 mil
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2005, Nacional, p. A6

BRASÍLIA - Em setembro de 2003, o governo Lula viu-se envolvido com o primeiro caso de integrante do primeiro escalão acusado de uso indevido de recursos públicos, quando a ministra da Assistência Social, Benedita da Silva, viajou para participar de evento evangélico em Buenos Aires, com todas as despesas pagas pela União. Censurada pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e pelo controlador-geral da União, Waldir Pires, nem assim ela admitiu o erro. O escândalo aprofundou seu desgaste. Criticada pelo fracasso de sua administração, encabeçou a lista de saída na reforma ministerial em fevereiro de 2004. Aconselhada pela Comissão de Ética Pública a ressarcir os cofres públicos, a ministra recorreu da decisão e só depois de muito desgaste acabou devolvendo o dinheiro, cerca de R$ 4.800. Mediante truque de agenda, Benedita sustentava que a viagem tinha tido caráter oficial, a convite do governo argentino e a jornada de orações fora apenas atividade paralela. A comissão entendeu, porém, que a viagem "não teve por objetivo principal compromisso de interesse público ou funcional". Negra e ex-favelada, Benedita é considerada fenômeno raro na política por ter conseguido ser eleita para cargos importantes, sempre disputando em condições adversas. Ex-deputada federal, ex-senadora e ex-governadora do Rio, ela ainda não definiu seu futuro político, amargurada pela saída conturbada do governo.