Título: Temer faz suspense sobre candidatura
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2005, Nacional, p. A7

O presidente do PMDB, Michel Temer, e o candidato do PT à presidência da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), vão discutir amanhã, em São Paulo, a eleição da futura mesa da Casa. Apesar de ressaltar que não é candidato a presidir o Legislativo, o peemedebista não adiantou se sua legenda vai respeitar a regra da proporcionalidade. "Nós vamos conversar. Mas, em primeiro lugar, o PT precisa resolver sua disputa interna", comentou ele, após participar de reunião de seu partido na capital paulista. Além de Greenhalgh, candidato oficial do PT, outro petista pleiteia presidir a Câmara, o deputado Virgílio Guimarães (MG). O PT tem a maior bancada da Casa e, respeitada a regra da proporcionalidade, deve ficar com a presidência.

Enquanto o governador do Paraná, Roberto Requião, defendeu o apoio dos parlamentares de seu partido a Greenhalgh, o secretário de Governo e Coordenação do Rio de Janeiro, o ex-governador Anthony Garotinho, assegurou que pelo menos 10 dos 13 deputados federais do Estado filiados ao PMDB não vão votar em Greenhalgh por recomendação dele. "A maior bancada de deputados federais do PMDB é formada por representantes do Rio de Janeiro. Eles não sabem como vão votar, mas sabem como não vão: não votarão em Greenhalgh", disse o ex-governador.

O motivo, explicou Garotinho, é resposta do Rio de Janeiro ao tratamento recebido pelo governo do PT. Segundo ele, a administração de Luiz Inácio Lula da Silva age com "arrogância e desprezo" em relação a seu Estado não apenas no que se refere à dívida com a União. "Só há uma possibilidade de o Rio de Janeiro voltar a ter diálogo com o governo federal. Se formos respeitados, vamos poder novamente partilhar de questões importantes do Rio, que estão sendo colocadas de lado", afirmou.

Segundo ele, "jamais o presidente Fernando Henrique Cardoso descia em solo fluminense sem ser recebido pelo governador". "Com Lula, a governadora Rosinha (sua mulher) toma conhecimento da presença dele no Estado pelos jornais."

Ontem, a direção do PMDB descartou a realização de nova convenção. A validade do encontro que decidiu o afastamento do partido do governo Lula está sendo contestada na Justiça.