Título: Grupos islâmicos são maior ameaça a planos de líder
Autor: Reuters, AP e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2005, Internacional, p. A11

GAZA - Quando as preces noturnas terminaram e os homens barbudos foram deixando a mesquita uma menção a Mahmud Abbas fez um dos fiéis, de roupa preta, interromper seu caminho, com um sorriso desdenhoso nos lábios. "Ele nunca vai ter sucesso", disse. Outros homens que estavam saindo da mesquita, há muito tempo um reduto do Hamas na Faixa de Gaza, juntaram-se em torno para reforçar essa opinião. "Ele certamente vencerá", disse o homem de preto, enquanto seus companheiros concordavam com a cabeça, "Mas não terá sucesso."

Grupos islâmicos, mais notavelmente o Hamas, a maior e mais poderosa das organizações militantes palestinas, são provavelmente a maior ameaça às esperanças de que Abbas seja capaz de trazer uma nova era para a pacificação do Oriente Médio.

O Hamas, cujo nome é uma sigla para Movimento de Resistência Islâmica, não reconhece a legitimidade da Autoridade Palestina, nascida dos acordos de Oslo de 1993 assinados com Israel.

Por isso o Hamas está boicotando a votação de domingo. Mas isso não quer dizer que esteja sentado apenas observando. A partir de seu local de nascimento e sua base na Faixa de Gaza, o grupo está exercendo influência sobre os eventos eleitorais de várias formas.

Seus combatentes foram a força propulsora que esteve por trás de uma saraivada de morteiros e disparos de foguetes contra tropas israelenses e assentamentos judeus em Gaza. Os ataques se intensificaram drasticamente desde que a campanha presidencial começou, há duas semanas. Os ataques e a pesada reação militar israelense que desencadearam representaram para Abbas alguns dos seus momentos mais difíceis na campanha eleitoral.