Título: Exportação de veículos bate recorde
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2005, Economia, p. B3

As exportações da indústria automobilística totalizaram US$ 8,3 bilhões no ano passado, valor que supera em 51,8% o recorde anterior obtido em 2003, de US$ 5,5 bilhões. As vendas externas, principalmente para Argentina, México, Venezuela e China, foram além das expectativas dos fabricantes, que durante o ano revisaram as projeções várias vezes. A última delas, feita no início de dezembro, previa US$ 8 bilhões em embarques de veículos e peças. Só em dezembro foram exportados US$ 777,6 milhões. Para este ano, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) espera crescimento menor, de 7%, totalizando US$ 8,9 bilhões.

Segundo o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb, em 2004 a indústria brasileira foi beneficiada pelo crescimento do comércio mundial e pela insistência das montadoras em buscar novos mercados. Somente os carros de passeio responderam por US$ 3,35 bilhões das vendas externas do setor, o maior valor registrado nas exportações de manufaturados do País, à frente dos aviões, que contribuíram com US$ 3,26 bilhões na balança comercial.

Em unidades, as exportações somaram 842,2 mil veículos, entre automóveis, picapes, caminhões e ônibus, o equivalente a 29% da produção nacional. A venda externa teve importante participação na produção recorde de 2,2 milhões de unidades em 2004, um aumento de 20,7% ante o período anterior. Para este ano, a expectativa é de um acréscimo de 100 mil unidades a esse volume.

A produção em dezembro, normalmente um mês fraco por causa de férias coletivas, atingiu 185,2 mil unidades, um dos maiores volumes para esse período.

BICOMBUSTÍVEL

Nas vendas internas, o destaque ficou com os carros bicombustíveis, movidos a gasolina, álcool ou a mistura de ambos. Os modelos com esse tipo de motor, que chegaram ao mercado a partir de março de 2003, responderam por 22% do mercado, com vendas de 328.374 unidades. Somando os modelos movidos só a álcool, a participação sobe para 25,9%.

A presença dos carros flexíveis deve ser ainda maior este ano, principalmente com a ampliação da oferta de modelos populares com essa tecnologia. Hoje, só a Volkswagen tem um modelo 1.0 bicombustível, o Fox. Mas Fiat e General Motors também preparam lançamentos.

Já estão previstos os lançamentos de sete modelos bicombustíveis e um tricombustível, mas esse número deve ser maior, pois algumas empresas não divulgaram seus projetos. Até março, chegam às lojas o Renault Scénic 1.6, o Volkswagen CrossFox e a Saveiro Crossover que vão rodar com gasolina ou álcool.

No segundo trimestre é a vez da Fiat lançar os modelos populares Mille e Palio, medida que deve ser adotada também pela GM no Celta e no Corsa 1.0, em data ainda indefinida. No segundo semestre a tecnologia chegará aos modelos Citroen Picasso e Peugeot 206, ambos com motor 1.6.

Antes do fim do ano a Volks também deve iniciar as vendas do Polo Sedan tricombustível. Hoje, a única a dispor de um produto com esse sistema, que acrescenta a opção do gás natural (GNV), é a GM, no modelo Astra 2.0.

Justamente pela falta de oferta de versões que rodam com diferentes combustíveis, os populares, com motor 1.0, perderam participação nas vendas. O segmento respondeu por 57,3% dos negócios, ante 63,3% em 2003. Foram vendidos 742 mil carros populares.

As vendas de modelos acima de 1.0 até 2.0 tiveram a participação ampliada de 36,2% para 42,3%, com vendas de 548,7 mil unidades. Os modelos mais potentes e mais caros, com motorização acima de 2.0, tiveram reduziram presença no mercado de 0,5% para 0,4%, com apenas 5.173 unidades comercializadas.

No cômputo total, o mercado brasileiro adquiriu 1,578 milhão de veículos, 10,5% a mais que em 2003. A expectativa da Anfavea este ano é de que sejam vendidos 1,64 milhão de veículos, ou 4% a mais. O único resultado negativo foi registrado no mercado de máquinas agrícolas, que caiu 0,6%, para 37,8 mil unidades.