Título: Com ajuda de Snow, dólar se valoriza
Autor: Dow Jones Newswires, Reuters, AP e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2005, Economia, p. B10

NOVA YORK - O ano de 2005, até agora, tem sido de recuperação para o dólar. Na primeira semana, a moeda se valorizou 4,5% em relação ao euro. No começo da tarde de ontem, a moeda única européia caiu para USS 1,3043, o menor valor desde 23 de novembro. Horas depois, ela se recuperou ligeiramente e foi negociada a US$ 1.3050. A cotação mais alta do euro foi alcançada em 30 de dezembro, quando valia US$ 1,3666. Nesta semana, o dólar também se valorizou em relação à libra esterlina (2,8%) e ao iene (2%). A moeda britânica foi cotada ontem a US$ 1,8688. Já para comprar um dólar, os japoneses tiveram de gastar 104,88 ienes.

A moeda americana começou o dia em baixa, depois de o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgar que em dezembro foram criados menos postos de trabalho do que se previa. Mas o dólar ganhou impulso após o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, ter reafirmado que o governo americano continua a apoiar o dólar forte e que a valorização da moeda é do interesse nacional americano. "Queremos fazer coisas para sustentar o vigor do dólar, como ir ao Congresso para trabalhar sobre a questão do déficit, para reduzir o déficit, e para conter os gastos", disse ele em entrevista à rede de televisão CNBC. Segundo Snow, essa política eleva a poupança nacional e melhora os fundamentos da economia americana. O secretário afirmou que a proposta orçamentária do presidente para o próximo ano fiscal deverá ajudar a reduzir o déficit americano.

Depois, quando lhe perguntaram qual a sua definição para um dólar forte, Snow não citou uma taxa de câmbio, mas afirmou: "Definimos a força em todas as suas dimensões. O foco é o que mantém a força e, antes de mais nada, agora é sua relação com o déficit fiscal".

Analistas de câmbio estão impressionados com a escalada do dólar. "Houve uma mudança significativa das expectativas em relação ao dólar, há poucos meses, sempre se negociava o dólar em baixa, fossem os indicadores positivos ou negativos", observou Sophia Drosson, estrategista do Morgan Stanley.

Um dos principais fatores que têm alimentado a disparada da moeda é a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vá aumentar a taxa básica dos juros. "A diferença entre os juros do Fed e os do Banco Central Europeu (BCE) já é favorável aos Estados Unidos e poderá ser ainda mais", explicou Ken Wattret, economista do Banco BNP Paribas. Os juros estão 2,25% nos Estados Unidos e 2% na zona do euro.