Título: Lula defende mandato maior, mas depois de 2010
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2004, NAcional, p. A6

BRASÍLIA - Na reinauguração do recém-reformado Comitê de Imprensa do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem o aumento do mandato presidencial. Ele descartou, porém, a possibilidade de essa mudança ser utilizada em seu próprio benefício. "Não, esqueçam isso. Só depois de 2010", afirmou. Apesar disso, Lula acha que a reforma política terá de tratar desse assunto. Ele disse não saber qual seria a duração ideal de uma gestão presidencial. "Eu acho que a reforma política vai ter de discutir se haverá reeleição ou não, mas o ideal seria um tempo maior (de mandato) sem reeleição", explicou.

Lula discordou da avaliação dos que consideram muito pouco tempo quatro anos de mandato. "Não é pouco, mas é insuficiente para você fazer tudo o que você quer fazer."

Ele afirmou que é precipitado antecipar a discussão sobre a sucessão presidencial. "Só fala disso quem está fora do governo. Seria um absurdo, seria uma irresponsabilidade da minha parte tratar disso agora. Mas, se a oposição quiser fazer isso, pode fazer", disse. "Eleição para mim, só em 2006."

Em breve discurso, no início da cerimônia da reinauguração do comitê, o presidente voltou a comemorar os bons indicadores da economia, particularmente a queda do risco País para menos de 400 pontos-base.

Ninguém, na opinião de Lula, acreditava que isso pudesse acontecer. "Muita gente é pessimista, mas o povo brasileiro provou que está acima dessas avaliações", disse.

O presidente comentou que está havendo crescimento da economia e do emprego e que o governo dará um aumento real para o salário mínimo.

IMPRENSA

Sobre relações com a imprensa, o presidente Lula disse que pode ter havido problemas, mas "os acertos serão aprimorados". Ele destacou que vai trabalhar para isso e que o ano de 2005 será muito mais promissor, pois as condições para isso estão colocadas.

"Muitas vezes há exageros por parte da imprensa e da nossa parte, mas, no frigir dos ovos, entre mortos e feridos, vencemos a primeira batalha."