Título: SP cresceu mais que País, diz Alckmin
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2004, Nacional, p. A8

A economia paulista deverá crescer pouco mais de 7% este ano e superar em cerca de 2 pontos a média nacional, de 5,2%. Com esse dado e a previsão de aumento para os investimentos do Estado em 2005, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) abriu ontem o balanço de seu governo, após reunião com o secretariado. Os investimentos da administração direta, indireta, estatais, autarquias e concessionárias deverá sair de R$ 6 bilhões registrados em 2004 para R$ 7 bilhões no próximo ano. "Isso mostra que o ajuste fiscal em São Paulo foi sério porque estamos reduzindo impostos e aumentando o investimento. Mostra eficiência", afirmou o governador, principal nome do PSDB para a sucessão presidencial em 2006. Alckmin ainda anunciou a extinção de 17. 913 cargos no serviço público. Vagas que estão desocupadas hoje, segundo ele, entre cargos de livre provimento (de confiança) ou concursadas. "Não são demissões", ressaltou. "É para não termos a tentação de ocupá-los."

O governador passou a manhã reunido com o secretariado e vários assessores. Abriu a reunião para que a imprensa acompanhasse enquanto lia um resumo das ações do Estado. Bem antes, o secretário da Casa Civil, Arnaldo Madeira, foi o primeiro a falar e deu o tom político do encontro. "Estamos entrando na fase mais política do governo, na reta final", relatou um dos participantes. "Ele (Madeira) lembrou que a oposição já está politizando todas as ações do governo e os secretários precisam estar atentos a isso e dar atenção à Assembléia Legislativa." Depois de Madeira, falaram os secretários de Planejamento, Andrea Calabi, da Fazenda, Eduardo Guardia, e de Comunicação, Roger Ferreira.

INVESTIMENTOS

O crescimento do PIB paulista, segundo o governador Alckmin, deve-se principalmente ao aumento das exportações, que também tiveram melhor desempenho em São Paulo do que no resto do País. "De janeiro a novembro deste ano, as exportações brasileiras cresceram 31% e aqui nós crescemos mais de 35%", afirmou, para em seguida destacar investimentos do governo na recuperação do Porto de São Sebastião e outras medidas de incentivo. Para 2005, a previsão é mais conservadora: 3,5% de crescimento do Produto Interno Bruto do País e do Estado.

Os investimentos globais de São Paulo no ano que vem estão voltados para grandes obras. Alckmin destacou a conclusão do aprofundamento da calha do Rio Tietê, a construção de piscinões e duas linhas de metrô, entre outras. O prolongamento da Linha 2 (Ana Rosa até Ipiranga) será entregue em 2006. Já a Linha 4 (a chamada Linha Amarela) deve ficar para 2008. A lista de obras inclui ainda o trecho sul do Rodoanel; uma parceria de R$ 2 bilhões com o governo federal para a construção do Ferroanel; a conclusão do Instituto da Mulher e o novo campus da USP na zona leste.

MARCAS

Alckmin deu outras pistas do que compor ser seu cartão de visitas para o eleitorado em 2006. "A Calha do Tietê, nós avançamos muito nessa área e será a grande obra de São Paulo", afirmou o governador. "Uma obra definitiva do rio que vai se tornar o símbolo do nosso Estado." Ele relatou ter encomendado ao arquiteto Ruy Ohtake uma projeto de revitalização "completo" do Tietê.

Outro destaque foi o Poupatempo, o que se espera seja uma das principais marcas do governo. "Na conversa conosco, o governador ressaltou que temos de trabalhar cada vez mais com a noção de eficiência, reforçar as marcas do governo de transparência, honestidade e austeridade", contou um dos participantes da reunião. "E somos um governo preocupado com as pessoas. O modelo do Poupatempo é um ótimo exemplo."

O governador admitiu que irá fazer trocas no secretariado em janeiro, mas apenas "pontuais". Assumiu somente trocar o secretário de Habitação, Mauro Bragato, que deverá assumir sua vaga de deputado estadual na Assembléia Legislativa. "Sempre coloquei que não ia fazer reforma do secretariado, até porque estamos na metade do mandato e precisamos é pisar no acelerador", disse Alckmin. "Mesmo porque quando se faz uma troca muito grande, acaba perdendo tempo." Na prática, porém, as trocas deverão incluir outras secretarias e auxiliar o PSDB na recomposição de sua base na Assembléia Legislativa e na Câmara Municipal.

No relato do desempenho financeiro do Estado, o governador ainda insistiu que São Paulo está cumprindo todos os preceitos da Lei de Responsabilidade Fiscal. Inclusive no que diz respeito ao limite de endividamento. O governo tem interpretação diferente daquela utilizada pela Secretaria do Tesouro Nacional nesse quesito. Alckmin disse que vai procurar a União para repassar os dados que considera corretos. "Estamos em dia", afirmou.