Título: Secretário é criticado também por ruralistas
Autor: Angela Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2004, Nacional, p. A10

As declarações do secretário nacional dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, também provocaram reações entre representantes de proprietários rurais. O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que Nilmário se esqueceu que a função dele é defender os direitos de todos os cidadãos e não apenas de um grupo. "O secretário age com presteza na defesa dos militantes dos chamados sem-terra, mas nem sequer se refere aos proprietários que têm as fazendas invadidas e depredadas", afirmou. "Os homicídios cometidos em Pernambuco têm que ser punidos. Mas para que isso ocorra o secretário não precisa ser parcial, nem assumir posição ideológica." O presidente da Sociedade Rural Brasileira, João de Almeida Sampaio Filho, disse que o ministro foi parcial ao não condenar a depredação da fazenda em Pernambuco. "Sabemos que não se trata de um ato tão bárbaro quanto os assassinatos, mas não pode ser ignorado", disse. "Afinal, os direitos dos proprietários também estão sendo violados."

Na opinião de Sampaio, o ministro está se conduzindo de forma emocional. "Ele se mostrou ponderado em outros episódios, mas em Felisburgo, no mês passado, e agora, em Pernambuco, se deixou dominar pela emoção. Quem governa deve governar para todos e com o uso da razão."

Para o presidente da UDR, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria pensar melhor sobre a manutenção de pessoas como Nilmário em sua equipe de governo. "Lula pode pagar um alto preço político pela teimosia em se cercar de pessoas que agem com tanta parcilidade como o Nilmário", disse.

QUALIDADE

Nabhan Garcia disse que o presidente tem sua inteligência ao contornar problemas difíceis em seu governo e ao defender em seus discursos uma reforma agrária de qualidade. "Sem qualidade, a reforma significa jogar dinheiro do contribuinte na lata do lixo. Mas não acho possível o governo chegar a esse objetivo se continuar assessorado por pessoas como Nilmário. Declarações como as que ele fez em Pernambuco servem para incentivar o ódio entre as classes e acirrar os conflitos."