Título: Brasil venderá imagens já em 2005
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2004, Vida &, p. A12

BRASÍLIA - O Brasil deve entrar no mercado internacional de venda de imagens de satélite no fim do primeiro semestre de 2005. Países interessados na compra das imagens captadas pelo satélite sino-brasileiro CBERS 2 já estão sendo catalogados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e, depois de acertadas as condições, iniciarão a construção de estações de captação dos dados. O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Sérgio Gaudenzi, estima que cada país deverá pagar anualmente US$ 250 mil, que serão divididos de forma igual entre Brasil e China. "A China foi bastante generosa, pois ela arcou com 75% dos custos da construção dos dois CBERS", afirmou Gaudenzi. A renda deverá ser revertida para o programa espacial brasileiro. "É uma quantia acanhada, diante do quanto temos de investir no programa", avaliou. "Mas já é alguma ajuda." Para alguns países, as imagens deverão ser cedidas gratuitamente. "Isso deverá valer para aqueles que não tiverem condições de pagar", adiantou Gaudenzi.

Pelas projeções da AEB, o ideal seria que fossem investidos anualmente U$ 100 milhões no programa espacial. Para 2005, ele deve contar com pelo menos US$ 80 milhões. Gaudenzi afirmou que, no fim de janeiro, o Conselho Superior da AEB deve apresentar um cronograma e uma expectativa de custos para a execução das diretrizes do programa espacial para os próximos dez anos. As metas foram aprovadas pelo conselho na semana passada.

O conselho, formado por um grupo interministerial, recomendou que as missões espaciais devem incluir, sempre que possível, equipamentos para recepção de dados ambientais. "Esta carona pode substituir com vantagem satélites específicos. Podemos ter maior número de dados", garantiu o presidente da AEB.

O conselho também considera prioritário o aumento das missões científicas tecnológicas - feitas para testar, no espaço, projetos feitos em centros brasileiros de pesquisa. "Hoje, o tempo de espera para estes testes é bastante elevado", admite. Os satélites científicos Equars e Mirax serão usados para tais missões. O conselho sugeriu ainda o uso rotineiro de foguetes de sondagem e balões estratosféricos como meio de promoção científica.

GEOESTACIONÁRIO

Outra prioridade apontada pelo conselho é iniciar o projeto e a construção de um satélite geoestacionário - aquele que mantém a mesma posição em relação a um ponto na Terra. Hoje, o Brasil compra espaço de satélites estrangeiros deste tipo, fundamentais para segurança e para telecomunicações. "Temos pelo menos de dominar a técnica", avaliou Gandenzi.

Ele observa que, a partir de 2010, a orientação de vôos terá de ser feita por satélites. "Vamos reunir o material já existente e iniciar o planejamento. Uma das propostas é construirmos dois satélites deste tipo: um para segurança e outro para orientação de vôo", adiantou.

O conselho também avalia como essencial o desenvolvimento do protótipo do Veículo Lançador de Satélites (VLS), cujo lançamento está previsto para 2006, e da nova Torre Móvel de Integração (TMI) do VLS. "No início de 2005, devemos também iniciar as obras de infra-estrutura do Centro de Lançamento de Alcântara (no Maranhão)", disse Gaudenzi.