Título: IBGE mostra encolhimento das estatais em cinco anos
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2004, Economia, p. B4

RIO - A participação das estatais no investimento na economia encolheu 31% entre 1997 e 2002. Há sete anos, as empresas públicas respondiam por 13,10% dos investimentos, taxa que recuou para 8,98% ao fim daquele período. Excetuando desta conta a Petrobrás, maior estatal do País, a taxa encolhe para 5,71%. De 1991 a 2002, 165 estatais foram privatizadas - 75% delas entre 1997 e 1999. Além da desestatização, restrições aos investimentos, por causa do esforço fiscal, encolheram a presença das empresas públicas. Os dados constam da publicação Finanças Públicas, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem. O levantamento também mostra que de 1997 a 2002 a fatia dos gastos com pessoal das estatais federais encolheu sobre as despesas totais, de 12,90% para 3,50%, enquanto avançou a parcela relativa às despesas com intermediação financeira, de 35,52% para 66,53%. Essas estatais tiveram despesas de R$ 21,6 bilhões com pessoal e de R$ 410,4 bilhões com intermediação em 2002, conforme o estudo.

"A privatização diminuiu o setor produtivo público e reduziu a participação das estatais na economia. Houve também retração dos investimentos do Estado", diz o gerente de projetos de contas nacionais do IBGE, Carlos Sobral.

O diretor de Macroeconomia do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Paulo Mansur Levy, comenta que mesmo no processo de preparação das privatizações houve desaceleração dos investimentos. Ele afirma que o setor público tem menos fôlego para investir, em razão do elevado endividamento, do que o privado. E complementa que, na prática, em setores como o de telefonia, parte dos investimentos foi transferida para o setor privado.

De 1997 a 1999, ocorreram privatizações em setores como eletricidade e telecomunicações.Das 133 estatais privatizadas a partir de 1997, 78 eram não financeiras e 55, financeiras. Em 2002, a receita das empresas federais se dividia assim por atividades econômicas: financeira 73,11%, indústria da transformação 14,70%, energia 4,75%, comércio 4,14% e comunicações 1,12%.

O levantamento também mostra que a administração pública teve resultados positivos nas três esferas de governo em 2001, último ano da análise. Em 2001, o superávit federal foi de 1,61% do Produto Interno Bruto (PIB), no valor de R$ 18 bilhões. O resultado, contudo, não foi suficiente para financiar as despesas líquidas de juros, produzindo, ainda segundo o documento, déficit fiscal de R$ 1,3 bilhão, -0,12% do PIB.