Título: Mercado publicitário comemora ano positivo
Autor: Carlos Franco
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2004, Economia, p. B13

O mercado publicitário registrou de janeiro a outubro praticamente o mesmo faturamento de todo o ano passado. Foram R$ 23,296 bilhões este ano, em relação a R$ 23,4 bilhões em 2003, o que aponta para um crescimento ao redor de 20% até o final do ano. Isso porque, nos dois últimos meses do ano, é registrado um acréscimo sensível nos investimentos publicitários, graças ao empurrão das vendas de fim de ano e ao início do verão, no caso da indústria de bebidas. Por isso, há quem aposte que o crescimento possa chegar a até 25%. Os números, saídos da pesquisa Ibope/Monitor, no entanto, são brutos e não levam em conta os descontos de veículos de comunicação, que podem chegar a 40%. De qualquer forma, este foi um ano muito bom para a propaganda, diz o publicitário Nizan Guanaes, que tem motivos de sobra para comemorar. O seu grupo, o Ypy, que comanda as agências Africa, DM9DDB e MPM, deve encerrar o ano com faturamento de R$ 1 bilhão. "O ano de 2004 foi uma boa surpresa. Com a economia estável, o País pôde crescer até mais do que se esperava. É claro que foi, também, um ano de muito trabalho: estamos todos exaustos, mas felizes."

Quanto ao ano que vem, diz Guanaes, "evitando qualquer excesso de euforia, será um ano também de crescimento". Quanto a setores específicos, que estão impulsionando a propaganda, ele diz que "não haverá nenhuma surpresa na publicidade: varejo, telecomunicações e eletroeletrônicos devem continuar a brilhar, assim como a agroindústria deverá continuar aquecida".

Segundo o ranking do Ibope/Monitor, a DM9DDB investiu,até novembro, o equivalente a R$ 603,32 milhões em compra de mídia - um dos melhores parâmetros para avaliar o faturamento das agências. A Africa investiu R$ 415,93 milhões e a MPM, R$ 65,62 milhões.

O publicitário Ivan Marques, sócio de Fábio Fernandes na F/Nazca, agência que realizou contratações de mídia no valor de R$ 594,9 milhões até novembro, também está otimista. "O mercado publicitário como um todo está feliz com 2004. O principal indicativo, que é o volume de faturamento da mídia comprada via agência, cresceu 20% em relação ao ano de 2003. Para se ter uma idéia, de 1999 para 2000 o crescimento foi de 10%, super comemorado. Nos últimos 3 anos , a variação foi de apenas 7% a 8%."

O presidente da Associação Brasileira das Agências de Propaganda (Abap/SP), Luiz Lara, da Lew, Lara, diz que, ao "crescer 20%, o setor de propaganda põe fim à trilogia de crise dos anos de 2001, 2002 e 2003". Pode parecer pouco, diz Lara, "mas voltar aos patamares de 2000 é reconfortante". A Lew, Lara, agência que tem as contas da TIM, do Banco Real, das Casas Pernambucanas e da Natura, entre outras, também comemora o segundo lugar no ranking do Ibope/Monitor, com faturamento de R$ 786,7 milhões até novembro.

Para o próximo ano, Lara continua apostando nos setores de varejo, telefonia e automotivo, onde a concorrência ainda deve se manter acirrada. "O importante é que os meios de comunicação e a propaganda hoje têm mais fôlego e podem apresentar soluções novas."

O diretor Comercial da DPZ, Daniel Barbará, diz que o crescimento de 20% em relação ao ano passado deve ser comemorado, mas não se deve repetir em 2005. "A base em 2003 é muito baixa, o que permitiu ao setor crescimento de 35% ainda no primeiro semestre deste ano. Para 2005, a expectativa do mercado é crescer um pouco menos, algo ao redor de 15%", afirma Barbará.

Na sua avaliação, 2005 será um ano mais consolidado, por isso o ritmo de crescimento, embora elevado, será um pouco menor. "Teremos variáveis muito boas que certamente nos ajudarão na realização dos resultados, como a projeção do PIB positivo de cerca de 5% e um cenário com inflação controlada", acrescenta o diretor da DPZ.