Título: ONU inicia ponte aérea de ajuda, mas ainda há áreas inacessíveis
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2005, Internacional, p. A9

BANDA ACEH, INDONÉSIA - O esforço internacional de ajuda para centenas de milhares de famintos e desabrigados nas áreas devastadas pelos tsunamis do dia 26 foi acelerado ontem com o início de uma ponte-aérea humanitária para a região indonésia de Aceh, a mais afetada pela tragédia. "A situação logística parece bem melhor que há dois dias", avaliou o chefe da missão de ajuda da ONU na Indonésia, Michael Elmquist. Ele admitiu, porém, que "pode levar duas semanas" para que algumas das áreas mais remotas, ainda inacessíveis, recebam assistência. O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) começou a transportar 400 toneladas de suprimentos da Dinamarca e Dubai para Aceh, na Ilha de Sumatra. Na operação de três dias será entregue material para abrigar 200 mil pessoas. Os suprimentos incluem 2 mil barracas tamanho família e 100 mil cobertores. "Dar teto a essas pessoas é uma prioridade", disse o alto comissário para Refugiados, Ruud Lubbers.

Helicópteros americanos do porta-aviões Abraham Lincoln, que chegou sábado à costa de Sumatra, também levaram ajuda a áreas remotas da ilha, inacessíveis por outro meio, atraindo multidões de famintos ao jogar caixas de alimentos e garrafas d'água. Apesar do tumulto, alguns helicópteros conseguiram pousar. A ONU estima que haja 1,8 milhão de necessitados de alimentos nas regiões afetadas.

Em Sri Lanka, as fortes chuvas continuaram dificultando a distribuição de suprimentos e inundaram campos de refugiados. "Perdemos nossas casas, viemos para cá, e agora vieram as chuvas e levaram tudo que tinha sobrado", disse o refugiado G. K. Sambasivam, de 65 anos. Na ilha indiana de Nicobar, onde as autoridades se negam a permitir que estrangeiros levem ajuda, sobreviventes furiosos por não receber assistência agrediram um funcionário do governo local.

QUASE 130 MIL MORTOS

Até ontem foram confirmadas 129.817 mortes causadas pelos tsunamis em 8 países do sul da Ásia e 4 do leste da África, mas funcionários da ONU estimam que o total chegue a 150 mil. Os mais afetados foram a Indonésia (mais de 80 mil mortos), Sri Lanka (quase 30 mil) e Índia (mais de 14 mil). O Itamaraty informou que, até ontem, havia 143 brasileiros desaparecidos na região.