Título: Nas disputas com a Europa, até castanha do Pará
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2005, Economia, p. B1

Frango, carne bovina, castanha do Pará, café solúvel e bananas são algumas das pendências da agenda comercial brasileira com a União Européia para 2005, cujo tema principal resume-se ao agronegócio - setor responsável por 42% das vendas brasileiras ao exterior. Entre janeiro e novembro de 2004, as vendas para a Europa foram 2,3 vezes maiores do que para os EUA, segundo o Ministério da Agricultura. O Brasil foi o principal fornecedor da Europa e esta foi a maior compradora dos produtos brasileiros em 2004. Mas o fim das pendências agrícolas em 2005 está vinculado às negociações multilaterais da Rodada Doha e ao acordo Mercosul-UE. A dúvida é saber se a Europa "terá coragem política para avançar no cumprimento do mandato de Doha e definir as modalidades para o capítulo agrícola das negociações multilaterais", diz José Alfredo Graça Lima, representante do Brasil na UE.

Dentre as pendências brasileiras, o açúcar é o destaque - não consta da reforma da Política Agrícola Comum (PAC) e está fora da oferta européia dentro do acordo birregional. O que o Mercosul recebeu e não se contentou foi a oferta de cota para o etanol de 1,26 bilhão de litros.

O próximo capítulo é a expectativa da implementação da decisão favorável da OMC ao Brasil contra os subsídios dados pela UE aos produtores de açúcar. De acordo com o setor privado, o Brasil perde cerca de US$ 400 milhões por ano com os subsídios.

No caso da castanha, as barreiras foram impostas em 2003, depois que foi constatada a existência de aflatoxina -- material considerado cancerígeno - em fungos presentes na casca do fruto. Apesar de todas as explicações fornecidas pelo Brasil no ano passado, as barreiras continuam de pé.