Título: Petróleo vai ficar acima de US$ 40
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2005, Economia, p. B3

Os especialistas no mercado de petróleo estão divididos sobre as previsões para as cotações do barril neste ano. Segundo o Departamento de Energia dos Estados Unidos e a empresa de análises Cambridge Energy Research Associates, o preço vai ficar acima dos US$ 40. Já a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e o Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW) acreditam que o barril ficará entre US$ 30 e US$ 35. No ano passado, a cotação chegou a passar de US$ 55, mas sexta-feira era de US$ 43,45 na Bolsa Mercantil de Nova York. A alta demanda e a falta de capacidade para aumentar a produção são os principais fatores citados pelos analistas que prevêem um preço mais alto. "Dado o contexto histórico, os preços provavelmente se manterão muito elevados em 2005, presumindo que o nível de crescimento da demanda continuará alto", explicou James Burkhard, diretor da Cambridge.

Segundo ele, a China e os Estados Unidos serão os principais responsáveis pelo aumento do consumo, mas a América Latina e regiões da Europa e da Ásia também vão contribuir para o crescimento da demanda por petróleo. No ano passado, o consumo foi 3,3% maior do que em 2003, informou a Agência Internacional de Energia (AIE).

Mas a própria AIE, que assessora os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), prevê que a demanda não deve crescer tanto em 2005 como no ano passado, por causa de desaceleração econômica em vários países.

Assim, a Cambridge deixa espaço para alterações nas suas expectativas. "Se a demanda crescer num ritmo substancialmente mais lento, pressionará para baixo os preços", ressaltou Burkhard.

Os analistas da Cambridge também chamam a atenção que os países exportadores que não são membros da Opep (Rússia, México, Noruega e outros) podem aumentar a produção e dar um alívio ao mercado. De acordo com o diretor, "há um potencial muito forte de aumento de produção nos países fora da Opep nos próximos dois anos e, se isso ocorrer, pressionará as cotações para baixo".

Em dezembro, a Opep decidiu reduzir sua produção em 1 milhão de barris diários para evitar que os preços caiam muito.