Título: Furnas admite e depois descarta risco de apagão
Autor: Luciana Nunes LealClarissa Thomé
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2005, Metrópole, p. C5

No dia seguinte ao apagão no Rio e no Espírito Santo, o diretor de Operação de Furnas, Fábio Resende, disse não ter como garantir que não haverá novos problemas. Ele alega que hoje o consumo de energia será maior, com o funcionamento das indústrias. À noite, porém, o presidente de Furnas, José Pedro Rodrigues de Oliveira, disse que não há risco de isso se repetir. "O sistema de Furnas está firmíssimo. O que houve não foi nem um apagão, mas uma interrupção no fornecimento." O problema foi causado, segundo Resende, por uma falha nos sensores de proteção do sistema, que desligam automaticamente as linhas de transmissão em caso de curto-circuito, tempestade e raios. Os equipamentos, porém, desativaram duas linhas sem que nenhum problema tivesse ocorrido.

Como uma terceira linha já estava fora de operação por causa da baixa demanda de energia no primeiro dia do ano, sobrou apenas a quarta, que, sobrecarregada, acabou desligando. Neste momento, às 18h31, houve o apagão.

O problema ocorreu na subestação de Cachoeira Paulista, em São Paulo, de onde partem linhas de transmissão. "Os consumidores prejudicados vão procurar as concessionárias e elas deverão nos procurar para negociar. A responsabilidade civil, na maior parte, é nossa", disse Resende.

O apagão provocou estragos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Com a volta da energia, houve muita pressão na tubulação da Estação de Guandu, responsável pelo abastecimento de água. Comportas de escape foram abertas, o canal transbordou e 40 casas foram inundadas. A família do jardineiro Cosmo Correia da Silva, de 34 anos, foi uma das prejudicadas. Eles lutaram para salvar o que puderam. Faltou água em bairros da zona oeste.

O presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgoto, Aluísio Nunes, disse que a empresa não é responsável pelos estragos. "A Cedae está ajudando por solidariedade. As casas estão construídas em área irregular." Segundo ele, a empresa estuda se indenizará as famílias. O prefeito de Nova Iguaçu, Lindbergh Farias (PT), disse que vai acionar a Cedae.